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Acordo recria meta fiscal fictícia criticada no governo Dilma

Acordo recria meta fiscal fictícia criticada no governo Dilma

Acordo recria meta fiscal fictícia criticada no governo Dilma
Notícias ao Minuto Brasil

12:27 - 25/04/21 por Folhapress

Economia Meta fiscal

Embora o acordo em torno do Orçamento de 2021 tenha sido bem recebido pelo mercado, economistas alertam para a falta de limites para as despesas que vão ficar fora do teto de gastos e da meta fiscal, que pode se transformar em um número fictício.


Isso vai ocorrer porque pelo menos R$ 100 bilhões em gastos deste ano não serão considerados para o cumprimento da meta, que é um resultado negativo de R$ 247,1 bilhões. A exclusão visa liberar espaço para emendas parlamentares.
O mecanismo foi comparado por economistas ao utilizado nos governos Lula e Dilma Rousseff, quando alguns investimentos não eram contabilizados como despesa.


Em 2014, por exemplo, a petista condicionou a liberação de verbas aos congressistas à aprovação do abatimento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e de desonerações tributárias da meta daquele ano.


Entre as despesas fora da meta em 2021, estão os programas de proteção ao emprego e de crédito a empresas, a reedição do auxílio emergencial e despesas emergenciais com saúde.


Para Luis Otavio de Souza Leal, economista-chefe do Banco Alfa, o aumento do déficit em razão dos gastos com a Covid-19 seria totalmente justificável se, em vez de retirá-los do cálculo do resultado fiscal do ano, a meta fosse alterada.


Segundo ele, como não há nenhum compromisso do governo com um limite de gastos fora do teto, a meta fiscal de 2021 se tornou "uma mera peça de ficção".


"Do jeito que foi feito, só aumenta a dúvida do mercado em relação ao compromisso fiscal do governo", afirma o economista.


"Isso remete ao primeiro passo rumo ao descontrole fiscal do governo de Dilma Rousseff, com a retirada do PAC do cálculo do déficit primário, ainda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010."


O economista-chefe do Banco Alfa afirma que, analisando os custos políticos e econômicos de uma "não solução" para a crise entre Executivo e Legislativo, o acordo em torno do Orçamento pode ser considerado positivo, pois tornou a peça exequível.


Em relação ao compromisso fiscal, no entanto, a solução não foi das melhores. Ele lembra que, do ponto de vista da dívida pública, todo gasto a mais representa aumento de endividamento.


Shelly Shetty, diretora-gerente da Fitch Ratings, destacou como positivo o fato de que as despesas de apoio relacionadas à pandemia que ficarão fora do teto de gastos em 2021 são temporárias e não permanentes, o que teria prejudicado a credibilidade da âncora fiscal.
Por outro lado, o déficit do governo e a dívida pública continuarão elevados neste ano, com esta última em torno de 90% do PIB e com tendência de alta nos próximos anos.


"Nossa perspectiva negativa sobre os ratings do Brasil continua refletindo os desafios de consolidar as contas fiscais e estabilizar a alta e crescente carga da dívida pública em meio a uma recuperação econômica incerta e contínuas dificuldades em controlar a pandemia", afirma Shetty.


Daniel Xavier Francisco, do Banco ABC, afirma que a não inclusão de despesas, mesmo que temporárias, no resultado primário é pouco favorável sob o ponto de vista da transparência.


"A piora no resultado primário 'cheio', sem exclusões, merecerá monitoramento constante, em paralelo com a pandemia, especialmente ao levarmos em conta que não há valores predeterminados para gastos de saúde extra teto e primário."


Na quarta-feira (21), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionou o projeto de lei do Congresso que retira da meta fiscal e do teto de gastos algumas despesas relacionadas à pandemia.


O texto não traz um limite para essas despesas, mas as estimativas são de um valor de pelo menos R$ 100 bilhões, incluindo também o novo auxílio que já havia sido sancionado.


Nesta quinta (22), o presidente sancionou a LOA (Lei Orçamentária Anual) de 2021, preservando parte das emendas, conforme acertado com parlamentares.


A IFI (Instituição Fiscal Independente), órgão ligado ao Senado, já havia afirmado que, em termos de transparência, o recomendável seria que a meta de primário fosse alterada para incorporar os novos gastos.
Em 2020, o governo foi dispensado de cumprir a meta, por causa da decretação de estado de calamidade.

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