Bolsas disparam enquanto tropas russas cercam capital da Ucrânia
Às 13h35, o mercado financeiro do Brasil começava a deixar de sentir os efeitos mais pesados da aversão de investidores ao risco.
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Bolsas das principais economias globais disparavam nesta sexta-feira (25), sobretudo na Europa. O pacote de sanções relativamente brandas à Rússia anunciado na véspera pelo presidente americano Joe Biden, assim como a tomada da capital ucraniana Kiev por tropas russas, levam investidores a acreditar em um desfecho rápido para a crise e sem consequências econômicas devastadoras.
Às 13h35, o mercado financeiro do Brasil começava a deixar de sentir os efeitos mais pesados da aversão de investidores ao risco. Depois de uma abertura em queda, a Bolsa de Valores subia 0,20%, a 111.824 pontos. O dólar, porém, mantinha expressiva valorização frente ao real. A moeda americana subia 1,05%, a R$ 5,1580.
A recuperação dos mercados emergentes, como o do Brasil, pode ser mais difícil porque eles são considerados mais arriscados em momentos de incertezas, mesmo que existam fundamentos que indiquem possibilidades de ganhos elevados, segundo Fernanda Mansano, economista-chefe da plataforma de investidores TC.
Em Nova York, o índice de referência S&P 500 subia nesta quinta a 1,26%, impulsionado principalmente pelos ganhos das grandes empresas acompanhadas pelo indicador Dow Jones, que avançava 1,58%. A Bolsa de tecnologia Nasdaq avançava 0,62%.
Após um dia de fortes baixas, os mercados de ações europeus disparavam nesta sexta. Londres, Paris e Frankfurt subiam 3,79%, 3,34% e 3,29%, respectivamente. A Bolsa de Moscou saltava 20,04%, depois de uma queda histórica de mais de 30% na véspera.
Na Ásia, a maior parte dos mercados fechou no azul, com destaque para o ganho de 1,95% da Bolsa de Tóquio.
Europa e Ásia davam continuidade a uma virada positiva do mercado dos Estados Unidos, que saiu do vermelho logo após o anúncio das sanções.
Biden bloqueou negócios das maiores empresas da Russia nos bancos dos EUA, mas permitiu a manutenção de negócios relativos a energia, como a exploração e produção de combustíveis e alimentos.
A escassez de combustíveis que poderia ser provocada por limitações a esse segmento poderia resultar em uma aceleração ainda maior da inflação global, obrigando o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) a elevar juros americanos acima do esperado pelo mercado.
No mercado internacional de petróleo, o barril do Brent caía 2,06%, a US$ 97,04 (R$ 498,60).
"A ausência de sanções às companhias de petróleo russas e a promessa de Biden de não enviar tropas aliviou as tensões", disse Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura.
Outro ponto avaliado como positivo pelo mercado foi a sinalização do Kremlin após cercar a capital ucraniana. Segundo o porta-voz Dmitri Peskov, o presidente russo Vladimir Putin aceita enviar uma delegação a Minsk (Belarus) para discutir "a neutralidade da Ucrânia".
Analistas alertam, porém, que o alívio momentâneo não representa o fim da volatilidade nos mercados em meio a um conflito com resultados imprevisíveis.
"Não acho que esse período altamente volátil já esteja chegando ao fim", disse Daniel Egger, diretor de investimentos da St.Gotthard Fund Management. "No momento, temos que nos concentrar no que está acontecendo em Kiev", declarou em entrevista ao The Wall Street Journal. "E eu diria que, definitivamente, as sanções à Rússia ainda podem ser intensificadas."