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Brasil precisa discutir por que cresce menos após reformas, diz Campos Neto

Na reunião mais recente, em 16 de março, o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a Selic, taxa básica de juros, em um ponto percentual, de 10,75% para 11,75% ao ano.

Brasil precisa discutir por que cresce menos após reformas, diz Campos Neto
Notícias ao Minuto Brasil

05:17 - 28/03/22 por Folhapress

Economia ROBERTO-CAMPOS NETO

Na avaliação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o Brasil precisa discutir de forma mais profunda a questão do crescimento. "A pergunta de US$ 1 milhão é o que o Brasil precisa fazer para ter um crescimento estrutural de longo prazo", afirmou durante participação no programa Canal Livre, da BandNews.

Campos Neto lembrou que, há cerca de uma década, pesquisas do Banco Central, com base em análises de economistas do mercado financeiro, apontavam que o crescimento do Brasil a longo prazo oscilavam entre uma média de 2% e 2,5% ao ano, uma taxa baixa para um país emergente com o Brasil.

Agora, essa projeção de crescimento é mais baixa ainda. Fica entre 1% e 1,5%.

"Quando enumeravam as razões apontadas para o baixo crescimento, lá em 2014, vinha que precisávamos de reforma da Previdência, tributária, trabalhista, uma lei de eficiência econômica, outra para o mercado de gás, precisávamos de infraestrutura." afirmou Campos Neto.

"Se eu fizer uma lista de 20 de itens de que precisávamos e for ver o que foi feito, temos que boa parte da lista foi endereçada. A projeção tinha que melhorar, subir, mas caiu."

Na avaliação dele, alguns fatores contribuem para isso. O fato de o Brasil crescer pouco por muito tempo pode contaminar expectativas futuras. Não ter muito claro o ganho institucional que se quer com as reformas seria outo problema. "Eu não tenho uma resposta, mas essa é uma área que a gente precisa trabalhar bastante", afirmou.

Para este ano, a média das expectativas do mercado é de um crescimento de 0,5% para o PIB (Produto Interno Bruto). Campos Neto lembra que os bancos começaram a avaliar uma revisão, para elevar a projeção, quando veio o choque da guerra da Ucrânia, trazendo novas incertezas.

"A gente ainda tem a expectativa de um crescimento de 1%", afirmou.
"Alguns elementos apontam que o crescimento pode ser um pouco mais alto neste ano."

Nessa projeção, explica ele, entram as políticas públicas, que preveem auxílios à população, inclusive os programas de estados e municípios que têm caixa para dar benefícios sociais, bem como as concessões de crédito do mercado financeiro, que se mantêm em alta.

"Ainda temos crescimento de dois dígitos [do crédito], lembrando que a gente vem de dois anos de pandemia com o crédito crescendo a 16%, um dos maiores crescimento de crédito do mundo emergente."

Campos Neto também destacou que a política monetária tem dado a sua contribuição para o crescimento. "A melhor forma de o Banco Central contribuir para o crescimento sustentável é manter a estabilidade de preço, lembrando que a inflação é o maior gerador de desigualdade", afirmou. "Quando a inflação é muito alta, quem tem mais recursos se protege mais do que quem não tem."

Disse ainda que, apesar de os juros serem altos a curto prazo, o que é fator inibidor do crescimento econômico, há um efeito positivo a longo prazo. "O Banco Central só controla juros do curto prazo, mas, quando subo o de curto prazo, gerando credibilidade na política, isso reduz os juros longo prazo, que é o que interessa para investimentos em infraestrutura e construção de fábricas."

Na reunião mais recente, em 16 de março, o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a Selic, taxa básica de juros, em um ponto percentual, de 10,75% para 11,75% ao ano.

O presidente do Banco Central voltou a afirmar, pelas projeções da instituição, a inflação perderá força ainda no primeiro semestre, registrando pico por volta de abril.

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