Silva e Luna diz que Petrobras 'não pode fazer política partidária'
O general disse que na Petrobras 'não há lugar para aventureiro'
© Cesar Itibere/PR
Economia Petrobrás
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Demitido por Jair Bolsonaro (PL), o presidente da Petrobras, general Silva e Luna, disse nesta terça-feira (29) que a empresa não pode fazer "política partidária", e que não há lugar para aventureiro nela.
Em palestra no STM (Superior Tribunal Militar), ele disse ainda que "é difícil para a cabeça de muita gente" entender o papel da estatal e que já explicou para "autoridades de alto nível" a política de preços, mas que elas entram no "lado emocional" e questionam o motivo de ele não poder fazer política pública na Petrobras.
Silva e Luna foi demitido na segunda-feira (28), após semanas de embate com o presidente, desde que a Petrobras fez mega-aumento no preço dos combustíveis no começo de março. Bolsonaro se queixava publicamente da estatal.
O general defendeu mais de uma vez a PPI (preço de paridade internacional), que o próprio presidente já tentou defendeu mudar, e disse que "não há lugar para aventureiro" na Petrobras.
"A empresa é fiscalizada por mais de duas dezenas de órgãos de fiscalização e controle e possui uma robusta governança em conformidade e sustentabilidade. Não há lugar para aventureiro dentro da empresa hoje, a não ser que mude a legislação", afirmou.
Entrará no lugar do general Adriano Pires, atual diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
Na manhã desta terça, apoiadores questionaram o presidente sobre a demissão no cercadinho do Palácio da Alvorada. O chefe do Executivo minimizou a troca, segunda no comando da estatal desde o início do governo.
"Foi coisa de rotina, sem problema nenhum", afirmou.
A saída de Silva e Luna repete a de Roberto Castello Branco, demitido em 2021 por Bolsonaro após a companhia anunciar o quarto aumento nos preços de diesel e gasolina no ano.
"É difícil para a cabeça de muita gente entender: 'Mas por que não faz isso?', 'comunica dessa forma', 'acho que está falhando na comunicação'. Não, a empresa não pode fazer política partidária. A empresa não pode fazer política pública, não pode, a lei que não permite", disse o general.
"Já conversei com autoridades de alto nível, conversando com a pessoa, explica isso aí, ele entende. Acaba de entender, está no racional, aí muda para o lado emocional e começa a perguntar: 'Mas por que não abaixa o preço do petróleo? Por que não coloca no sei o quê? Por que não faz política pública? Por que não faz não sei o que lá e tal?'. No meu caso específico, que vim de Itaipu e lá podia fazer política pública: 'Porque você lá fazia e agora não pode fazer isso aqui?'. Por causa disso, é lei", afirmou.
O general caiu nas graças de Bolsonaro por sua gestão à frente da Itaipu Nacional, e daí foi alçado ao comando da Petrobras.
Na prática, a troca na estatal só ocorrerá em duas semanas, na Assembleia Geral de Acionistas da empresa, quando o governo apresentar sua lista de representantes do conselho de administração.
Na relação, divulgada na segunda-feira pelo Planalto, não haverá o nome de Silva e Luna. O colegiado é responsável por definir o plano estratégico da companhia.
Segundo o comunicado do governo, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, outro nome forte para comandar a estatal, ocupará uma cadeira no conselho junto com Adriano Pires. Landim foi indicado para presidente do conselho.
Após a posse dos novos conselheiros, Pires deverá ser conduzido à diretoria-executiva, assumindo o comando da empresa.
Os demais integrantes do conselho indicados pelo governo são: Sonia Villalobos, Luiz Henrique Caroli, Ruy Schneider, Marcio Weber, Eduardo Karrer e Carlos Eduardo Lessa Brandão.
Silva e Luna contava com apoio dos militares do governo, mas entrou no alvo de Bolsonaro e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).