Em tom de campanha, Guedes promete zerar IPI em segundo mandato de Bolsonaro
Bolsonaro já afirmou que, se voltar ao cargo para um segundo mandato, deixará Guedes no comando da pasta novamente.
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Economia PAULO-GUEDES
(FOLHAPRESS) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira (28) que, caso Jair Bolsonaro (PL) seja reeleito, acabará com impostos que incidem sobre a produção, principalmente o IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados).
Guedes prometeu ainda mudar o peso dos custos sobre as empresas. Disse que fará com que 100% dos investimentos realizados para aquisição de máquinas e equipamentos sejam depreciados imediatamente antes da incidência do Imposto de Renda -hoje essa depreciação é descontada ao longo dos anos.
Bolsonaro já afirmou que, se voltar ao cargo para um segundo mandato, deixará Guedes no comando da pasta novamente.
"Estamos comprometidos a acabar com os impostos que acabam com a capacidade produtiva do país", disse Guedes. "Nossa ideia é acabar com o IPI. Ele desindustrializou o Brasil. Baixamos de 35%. Se continuarmos, vamos baixar a zero."
As declarações foram dadas nesta terça-feira (28) durante a abertura do evento Painel Telebrasil, promovido pela Conéxis, a associação das empresas de telecomunicações.
Embora não tenha conseguido aprovar uma reforma tributária neste mandato, o ministro também prometeu pôr fim a todos os impostos indiretos que, segundo ele, "atingem a população mais frágil e prejudicam o país".
Ele adotou um tom político ao se dirigir à plateia: "Não se deixem influenciar pelos pescadores de águas turvas, os que se aproveitam das crises para fazer política independente do que sejam as ambições do povo brasileiro".
As promessas aos empresários acontecem ao mesmo tempo em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas de intenção de voto, tem intensificado seus contatos com presidentes de empresas e outros representantes da sociedade civil.
O ministro, que falou por quase uma hora, afirmou que não conseguiu levar adiante a reforma tributária -que reduziria o impacto dos tributos sobre a a cadeia produtiva e o emprego- porque o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia exigia "quase meio trilhão de reais" para os estados como compensação por possíveis perdas de arrecadação.
"Tínhamos acabado de dar R$ 269 bilhões de Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica] para municípios, R$ 70 bilhões de Lei Kandir [previa ressarcimento em exportações], R$ 20 bilhões de cessão onerosa [reservas de petróleo antes exclusivas da Petrobras] e R$ 150 bilhões contra a Covid", disse. "Demos meio trilhão e ainda vou dar mais meio trilhão? Só se eu fosse irresponsável. Eu disse: ´A conta acaba aqui´."
A reforma não avançou no Congresso, onde os estados, de fato, tentam barrar perdas de arrecadação.
Contrariando as previsões do mercado financeiro, que sinalizam com queda do PIB em 2023 e até recessão, Guedes afirmou que a economia deve crescer 1,7% no próximo ano.
O chefe da pasta disse que, ao contrário dos demais países, que devem entrar em recessão, o Brasil se recuperou em "V" e agora deve funcionar como ímã de investimentos privados.
Segundo Guedes, a secretária do Tesouro dos EUA disse que EUA e Europa só terão sucesso na retomada se contarem com fornecedores de insumos mais próximos.
Em vez de buscá-los na China, terão de escolher "nações amigas", e o Brasil será o único em posição estratégica.
A China e a Rússia, segundo a análise do ministro, não seriam amigáveis.
O ministro disse que está convencido de que o Brasil está no caminho certo que busca o caminho da distribuição de renda por meio da entrada de capitais privados e da liberdade às empresas, ao contrário da Argentina, que segue em uma "rota de empobrecimento", e da Venezuela.
O ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse à reportagem que nunca defendeu a criação de um fundo de compensação aos estados para que a reforma tributária avançasse.
"Nunca fui a favor de dinheiro para estados", disse Maia.
"Fico feliz agora em saber que ele [Paulo Guedes] seja a favor da reforma tributária, que abandonou a ideia da CPMF e passou a defender a PEC 45 [reforma tributária], que vai resolver todos esses conflitos tributários com o IVA nacional."
Maia disse ainda que o governo tem, há um ano e meio, o presidente da Câmara. "É só pegar o texto da Vanessa e do Appy (Vanessa Canado, ex-assessora especial de Guedes, e o economista Bernard Appy trabalharam para o governo no texto da PEC 45), sobre o qual já há consenso e pautar."