Cadastramento de emprego atrai milhares em PE e gera tumulto
Cerca de seis mil pessoas compareceram ao local, com interesse em atuar nas obras da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), no Complexo Portuário e Industrial de Suape
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Economia Vaga
O anúncio de um cadastramento realizado pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral no Estado de Pernambuco (Sintepav-PE), para interessados em atuar nas obras da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), no Complexo Portuário e Industrial de Suape, levou nesta manhã de terça-feira, 1, uma verdadeira multidão ao Centro do município do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife. Cerca de seis mil pessoas, segundo o próprio sindicato, compareceram ao local.
O tumulto foi grande e em alguns momentos houve empurra-empurra e algumas pessoas passaram mal. Comerciantes que atuam próximo ao local fecharam as portas com medo de arrastões. A Polícia Militar chegou a ser acionada, mas não houve intervenção. De acordo com a direção da entidade sindical, o cadastramento foi uma iniciativa do Sintepav-PE, mas ainda não há nenhuma informação oficial sobre novas contratações.
"Existe uma expectativa de que as obras da Rnest, que estavam paralisadas desde 2014, sejam retomadas neste mês. Como entidade sindical, temos todo o interesse em apoiar a categoria e buscar oportunidades de trabalho. Por isso anunciamos o cadastramento. Mas parece que o pessoal já pensou que estavam sendo feitas as contratações. E aí a notícia correu e a multidão se formou. Tentamos explicar que era só um cadastramento, mas não conseguíamos mais nem ver o fim da fila", destacou o diretor financeiro da instituição, Leodelson Bastos.
Aos 54 anos, o soldador Inácio Xavier era um dos que buscavam uma nova chance de emprego. Ao lado do filho, Evandro Lins, 23, ele ocupava um dos primeiros lugares da fila. "Cheguei na noite de ontem (segunda-feira, 29). Assim que soube que eles iriam receber inscrições eu avisei meu filho. Estamos sem trabalho há quase um ano e meio. Temos sobrevivido de pequenos bicos", lamentou. O operador de guindaste Leônidas Cintra, 39, também esteve no local. "Perdi meu emprego há seis meses e tenho buscado algo novo todos os dias. Infelizmente já soube que ainda não há previsão de contratação. Mas preenchi a ficha e deixei meu currículo. Tenho fé que serei chamado. Tenho três filhos para cuidar. Não posso ficar desempregado", declarou.
Desemprego
De acordo com o último levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no Brasil bateu os 9% no período que corresponde agosto a outubro de 2015. Em Pernambuco, as taxas de desemprego foram de 11,2% - entre os meses de julho e setembro de 2015. Este porcentual equivale a 468 mil pessoas desempregadas. Segundo dados do Sintepav-PE até o ano de 2014, eram cerca de 38 mil trabalhadores empregados no complexo industrial e portuário. Atualmente, este número é de aproximadamente 19 mil. A expectativa de aberturas de novas vagas, para 2016, não deve chegar a três mil.
"Tem muita gente que está há um ou dois anos desempregada. A situação está muito ruim. O sindicato está fazendo o possível para auxiliar esse pessoal a se recolocar no mercado e uma das nossas lutas é que as empresas priorizem a mão de obra local", destacou o diretor de Mobilização, Rogério Rocha.
Refinaria
O primeiro contrato de construção da Rnest foi assinado entre a Petrobras e o consórcio Ebe-Alusa em 2011, com orçamento previsto em R$ 574,6 milhões. Em 2014 as companhias entraram em divergência sobre valores dos aditivos e o consórcio abandonou a obra. Sem a construção do equipamento, a Rnest só foi autorizada a processar 64% da capacidade total da primeira etapa. A licitação para a empresa que irá tocar a obra deve ser realizada nos próximas semanas.
No final de 2015, a Petrobras anunciou que terá R$ 756 milhões para investir na Rnest ao longo deste ano. O valor está previsto no Orçamento federal de 2016 e será utilizado para retomar as obras da primeira etapa do empreendimento. A expectativa é de que o reinício da construção reanime a economia de Pernambuco, com a geração de 2 mil empregos só na construção pesada.
A parte da primeira etapa que será retomada é a construção da Unidade de Abatimento de Emissões de Enxofre (SNOX), responsável por diminuir a emissão de poluentes na atmosfera. No início de janeiro, o governo do Pernambuco e a Petrobras assinaram um termo de compromisso para permitir que a refinaria funcione na sua totalidade, mediante condições de processamento de um tipo de petróleo menos poluente enquanto a SNOX não fica pronta.
Na última segunda-feira, 29, a União liberou o balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) informando que o empreendimento foi novamente postergado e deve ser entregue apenas em 2019. A última estimativa da Petrobras era 2018. A assessoria de Imprensa da Rnest foi procurada, mas não retornou aos contatos. Com informações do Estadão Conteúdo.