Educação sobe e fábrica de armas cai na Bolsa após eleição de Lula
A expectativa sobre esses ativos cresce devido ao histórico petista na inclusão do setor privado nas políticas de expansão do ensino superior
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Economia Mercado
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Investidores da Bolsa de Valores brasileira repetiram nesta segunda-feira (31) um movimento de rotação de ações já observado na semana passada, dando preferência aos ativos que podem ser favorecidos com a troca de governo.
A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pela Presidência da República sobre Jair Bolsonaro (PL) neste domingo (30) provocou volatilidade nos principais índices do mercado local. Ao final do dia de negociações, o saldo foi positivo. O Ibovespa fechou em alta de 1,31%.
Cogna e Yduqs, empresas do setor de educação, tiveram seus papéis negociados com valorização de 3,46% e 5,42%, respectivamente.
A expectativa sobre esses ativos cresce devido ao histórico petista na inclusão do setor privado nas políticas de expansão do ensino superior, como em programas como o ProUni (Programa Universidade para Todos).
"Lula disse em seu discurso que o Fies [Fundo de Financiamento Estudantil] e o ProUni vão voltar e isso acabou ajudando bastante o setor de educação", comentou Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital.
Em situação oposta, as ações da Taurus terminaram o dia em queda de 4,67%. A fabricante de armas alcançou ampla valorização durante a gestão de Bolsonaro, que é defensor de políticas para armar a população.
Durante a gestão bolsonarista, o número de pessoas com licenças registrou aumento de 473% e, de 2018 até o início deste mês, as ações da Taurus subiram cerca de 670%.
A primeira sessão do mercado após a vitória de Lula também demonstrou que o setor considera que os ventos serão positivos para diversos setores potencialmente beneficiados com o aumento da renda das famílias, como transporte aéreo, turismo e varejo.
As companhias aéreas Gol e Azul dispararam 8,83% e 8,91%. A operadora de viagens CVC avançou 9,63%.
A Alpargatas ganhou 9,04% diante da perspectiva de políticas voltadas para a melhora da renda no país.
Entre as promessas de campanha repetidas no discurso após a confirmação do resultado dar urnas, Lula disse que retomará uma política de reajuste do salário mínimo acima da inflação.
Houve também forte queda nos preços dos ativos de companhias controladas pelo governo diante do temor do mercado de que Lula faça interferências e provoque prejuízos nas estatais.
Os papéis preferenciais da Petrobras, que são os mais negociados da companhia na Bolsa, derreteram 8,47%. As ações do Banco do Brasil despencaram 4,64%.
"O mercado parece enxergar risco em estatais", comentou Leandro De Checchi , analista da Clear Corretora.
Diante do prejuízo obtido pelas estatais na Bolsa nesta segunda, o Banco do Brasil emitiu uma nota para afirmar que cumprirá as exigências do processo de transição.
"Como integrante da administração pública o BB sempre cumpriu com a legislação que estabelece as regras de transição entre governos. O BB mantém sua postura de prestar neste momento todas as informações que forem solicitadas", informou a nota.