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Token de precatório cresce como alternativa de investimento em renda fixa

Token de precatório cresce como alternativa de investimento em renda fixa

Token de precatório cresce como alternativa de investimento em renda fixa
Notícias ao Minuto Brasil

15:50 - 06/11/22 por Folhapress

Economia TOKENS-PRECATÓRIOS

EDUARDO CUCOLO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A oferta de tokens de precatórios como alternativa de investimento tem crescido junto com a migração de investidores para produtos de renda fixa em um cenário de juros elevados.


Empresas que negociam criptoativos, como Mercado Bitcoin e Coinext, passaram a realizar ofertas frequentes desses produtos a pessoas físicas, com aplicação a partir de R$ 100. Também surgem novas plataformas especializadas nesse tipo de produto, como a Droom, que espera se tornar uma espécie de Bolsa de negociação desses ativos para pessoas físicas e jurídicas.


O primeiro desafio, segundo as plataformas, é fazer com que o investidor entenda o produto. O token é a representação digital de um ativo do mundo real. Nesse caso, o ativo é o precatório, título expedido pela Justiça que representa a dívida de um ente público com pessoas físicas ou jurídicas. O token de precatório é, portanto, um ativo digital que corresponde a um pedaço dessa dívida –ou de um conjunto de dívidas, dependendo do produto.


Ao comprar esse direito, os investidores estão antecipando o dinheiro para o dono do precatório, que vende seu título com deságio. Quem investe lucra com a diferença de valor quando o poder público finalmente paga a dívida. O valor aplicado também é corrigido pela taxa básica de juros (Selic) até a data de pagamento.


Entre as vantagens do ativo digital estão a redução de custos de transação e da aplicação mínima, além de diluição do risco, facilidade de negociação –quando há mercado secundário– e isenção tributária para venda de ativos até R$ 35 mil por mês.


Para calcular o retorno do investimento, plataformas e advogados estimam o prazo para recebimento da dívida. O investidor recebe o dinheiro de volta quando o precatório é pago pelo ente público devedor. Também é possível negociar no mercado secundário, quando este está disponível na plataforma de investimento.


O investimento feito dentro de uma plataforma dá ao investidor a garantia de que aquele título foi auditado por uma equipe de advogados que atesta sua validade.


Presidente da Comissão de Precatórios da OAB-RJ, Eduardo Gouvêa é um dos fundadores da plataforma de negociação de ativos judiciais Droom, que tem como objetivo a democratização do acesso a esse tipo de investimento, de um lado, e o apoio aos credores, como servidores públicos e pensionistas, de outro.


Precatórios avaliados pelo braço jurídico da empresa são registrados como ativos digitais e divididos em tokens de R$ 1.000, que podem ser adquiridos por pessoas físicas e empresas. A plataforma oferece garantia de recompra dos papéis.


Gouvêa afirma que hoje o grande gargalo desse mercado é a originação de crédito confiável de qualidade e seu alto custo de administração e gestão. A expectativa é que o uso de tecnologia e o aumento no volume ajude a reduzir esses custos.


"Estamos aproximando o crédito certo do investidor certo. A gente quer democratizar, de pessoa física a empresa multinacional", afirma Gouvêa. "E dar acesso aos advogados e credores de precatórios a um mercado muito mais amplo."
A plataforma de criptoativos Coinext lançou neste ano seus dois primeiros produtos relacionados a precatórios, ambos tendo como devedor o estado de São Paulo.


No primeiro, foram vendidos R$ 400 mil em cotas de R$ 100 a mais de 8.000 investidores, com retorno estimado de 25% ao ano e prazo previsto de 24 meses. A segunda oferta, ainda aberta, é de um precatório de R$ 250 mil.


José Artur Ribeiro, presidente-executivo da Coinext, afirma que a adesão ao produto ainda é menor do que a vista, por exemplo, no token de royalties musicais da plataforma, que alcançou quase 15 mil investidores. Ele espera, no entanto, que a demanda por esse tipo de produto alcance de R$ 1 milhão a R$ 1,5 milhão dentro da sua base de clientes em um prazo de 12 a 20 meses.


"O primeiro desafio é ensinar para o nosso público o que é produto. É uma base que entende mais facilmente o bitcoin do que o precatório", afirma.


O Mercado Bitcoin opera desde 2019 com esse produto. Dos R$ 200 milhões em tokens já lançados na plataforma, R$ 25 milhões se referem a precatórios -o restante inclui ativos digitais de consórcios, contratos de energia e recebíveis.


Cada token de R$ 100, nesse caso, representa uma cota de um conjunto de ativos, o que ajuda a diluir o risco de demora no pagamento. São usados precatórios depositados, aqueles que já foram pagos pelo Estado ao Judiciário e aguardam para serem liberados ao devedor.


Vitor Delduque, diretor de Novos Negócios da plataforma, afirma que a incerteza jurídica e política gerada pela falta de definição sobre as regras para precatórios levou a empresa a suspender o lançamento de tokens com lastro nesses ativos neste ano. A expectativa é voltar a ofertar o produto em 2023.


É possível, no entanto, adquirir o produto no mercado secundário oferecido pela plataforma - no qual o papel é negociado com base na cotação do momento-, que tem registrado grande movimentação neste ano.


Delduque faz um paralelo entre ativos digitais e tradicionais, sendo que as criptomoedas estão mais próximas de um investimento em renda variável e os tokens, da renda fixa.
"É mais fácil entender quando a pessoa faz esse paralelo. O investidor consegue atrelar os riscos que ele tem no [mercado] tradicional ao mercado de token, para não se sentir tão desconfortável nessa migração para a economia digital", afirma.


"O token não foge daquilo que é o [investimento] tradicional. A regra é diversificar. A gente sempre tenta mostrar para o investidor o quanto é importante estar em mercados diferentes de risco e ativos."O que é:
- Token: representação digital de um ativo do mundo real
- Precatórios: títulos de dívida pública expedidos pela Justiça a pessoas físicas ou jurídicas
- Token de precatório: ativo digital que corresponde a um pedaço de um precatórioNegociação
- Investidores adiantam o pagamento para quem precisa receber a dívida com urgência, em troca de um desconto no valor total
- Quem investe lucra com a diferença de valor quando o Poder Público finalmente paga aquela dívida
- Quando o precatório é pago, os valores são distribuídos a quem possui os tokensCorreção
- O token de precatório é corrigido monetariamente e acrescido de juros pela taxa SelicRiscos
- Demora no pagamento da dívida pelo Ente Público
- Oscilações de preços em caso de venda antecipada
- Mudanças legislativas
- Fraudes, quando negociados fora de ambientes que garantam a validade do direitoVantagens
- Redução de custos
- Isenção de tributação até alienação de R$ 35 mil /mês
- Diluição de riscos

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