ONG defende em Davos tributação dos super-ricos para tirar 2 bilhões da pobreza
Conforme relatório da organização não governamental (ONG), que se dedica a buscar soluções contra a desigualdade social, os super-ricos - isto é, o 1% mais rico do mundo - ficaram com quase dois terços de toda riqueza gerada no mundo nos anos de pandemia.
© Getty
Economia Davos
A Oxfam está levando ao Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, a proposta de taxação dos super-ricos com o objetivo de tirar 2 bilhões de pessoas da pobreza em todo o mundo. Conforme relatório da organização não governamental (ONG), que se dedica a buscar soluções contra a desigualdade social, os super-ricos - isto é, o 1% mais rico do mundo - ficaram com quase dois terços de toda riqueza gerada no mundo nos anos de pandemia. Nesse período, acumularam seis vezes mais dinheiro do que 90% da população mundial.
Contas colocadas no estudo apontam que um imposto anual de até 5% sobre os super-ricos poderia arrecadar US$ 1,7 trilhão por ano, o suficiente para tirar 2 bilhões de pessoas da pobreza. Esses recursos também poderiam financiar um plano de 10 anos para erradicação da fome, apoiar países mais pobres devastados pelos impactos climáticos e garantir saúde pública e proteção social nas nações de renda baixa e média.
"A discussão que se impõe cada vez mais é o incremento da taxação dos muito ricos e das grandes corporações, inclusive no Brasil", afirma Jefferson Nascimento, coordenador da área de Justiça Social e Econômica da Oxfam Brasil. "A reforma tributária vem sendo considerada prioritária para o novo governo Lula e esperamos que o Congresso aprove um novo sistema tributário que garanta o financiamento necessário para que os Estados possam oferecer mais e melhores serviços e políticas públicas às suas populações", acrescenta.
No estudo levado a Davos, no qual a organização explica por que tributar os super-ricos agora é necessário para combater as desigualdades, a Oxfam defende a recuperação, por meio de impostos, de parte dos lucros excessivos obtidos durante a pandemia. O argumento é de que cortes de impostos promovidos durante décadas para os mais ricos e grandes corporações alimentaram as desigualdades, fazendo com que os mais pobres pagassem proporcionalmente mais tributos do que os bilionários.
A ONG pede, assim, que os governos introduzam taxas solidárias e únicas sobre riqueza e lucros extraordinários. Também defende impostos maiores sobre ganhos de capital, dividendos e renda recebidos pelos super-ricos, assim como a taxação de seu patrimônio e heranças, com vista ao financiamento de políticas públicas sociais.