Saiba quanto rendem R$ 1.000 na poupança, CDB e Tesouro com a Selic a 13,75%
Foi o quinto encontro seguido em que o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) optou por manter inalterada a taxa básica de juros da economia brasileira, no patamar atual desde agosto do ano passado.
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(FOLHAPRESS) - Com a manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano nesta quarta-feira (22), a renda fixa se mantém como o investimento mais atraente entre as principais aplicações financeiras no mercado brasileiro na avaliação de especialistas.
Foi o quinto encontro seguido em que o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) optou por manter inalterada a taxa básica de juros da economia brasileira, no patamar atual desde agosto do ano passado.
"Os investidores têm optado pela renda fixa por conta da inflação alta, e da Selic mais alta ainda, fazendo com que a rentabilidade seja interessante e segura", afirma Andrew Storfer, diretor de economia da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças).
"Aplicações em renda variável como a Bolsa, que apresenta altos e baixos, acaba sendo nesses tempos um investimento para quem tem um apetite maior de risco", acrescenta o especialista.
Segundo levantamento realizado por Storfer, ante o nível vigente da Selic, um investimento de R$ 1.000 no título público pós-fixado Tesouro Selic, que acompanha de perto a rentabilidade da taxa básica de juros, renderia ao aplicador R$ 114,96, considerado um intervalo de 12 meses.
O valor considera uma aplicação com taxa de juros de 13,93% ao ano e já desconta a incidência da alíquota do Imposto de Renda de 17,5% para os investimentos resgatados no prazo de um ano.
Pelos cálculos da Anefac, os CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) de bancos de médio porte representam a opção mais rentável dentre as principais alternativas, devolvendo ao investidor que aplicar R$ 1.000 no prazo de um ano o valor de R$ 130,45, descontado o IR na fonte. Nesse caso, os juros considerados são de 15,81% ao ano.
Em relação aos grandes bancos, o rendimento recebido após 12 meses seria de R$ 107,77, mediante a aplicação com juros de 13,06%.
No caso das LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e das LCAs (Letras de Crédito Agrícola), que não têm desconto do IR, o ganho líquido dentro do prazo de um ano será de R$ 127,88, remunerado por um juro de 12,79% ao ano.
"Aplicações como Tesouro Direto, CDBs dos grandes bancos, fundos conservadores e letras de crédito são seguras e têm um rendimento, dependendo do prazo, bem próximo ou mesmo acima da Selic", afirma o diretor da Anefac.
Storfer acrescenta que, no caso dos CDBs de instituições de menor porte, embora ofereçam rendimentos mais atraentes, também expõem o investidor a um nível de risco maior.
Nesse caso, o especialista diz que o investidor deve procurar fazer um aporte dentro do limite coberto pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que assegura o valor de até R$ 250 mil por CPF e conglomerado financeiro, em caso de eventuais problemas financeiros que a instituição emissora venha a sofrer no meio do caminho.
"Com a manutenção da Selic em 13,75%, os títulos pós-fixados representam uma boa alternativa para os investidores, caso dos CDBs e das LCIs e LCAs, por serem instrumentos que se beneficiam diretamente do patamar do CDI", diz Rosiane Duarte, analista da Toro Investimentos.
Economista e sócio fundador da consultoria Serafin, Bruno Mori diz que, para aquele investidor que já tem uma reserva de emergência formada, destinar uma parcela dos recursos para a renda fixa prefixada também pode trazer bons retornos para a carteira.
"Muito provavelmente os juros locais não vão subir, e, em algum momento ainda neste ano, principalmente no segundo semestre, eles devem começar a cair. Nesse sentido, o investimento prefixado de mais longo prazo, de um ou dois anos, desde que a pessoa não precise de liquidez, pode ser interessante", diz o especialista.
No boletim Focus, os economistas consultados pelo BC projetam a taxa Selic em 12,75% no final deste ano, e em 10% em dezembro de 2024.
POUPANÇA RENDE MENOS DA METADE DA SELIC
Já a caderneta de poupança tem o menor retorno entre as opções analisadas, mesmo sem ter o desconto do IR.
Mesmo com a recente trajetória de alta na taxa básica de juros, que aumenta a atratividade de produtos de renda fixa de modo geral, o rendimento da poupança não muda.
A despeito da escalada da Selic, que saiu da mínima histórica de 2% em março de 2021 para os atuais 13,75% ao ano, a aplicação da caderneta segue com o rendimento inalterado em 6,17% ao ano, mais a TR (Taxa Referencial).
A remuneração da poupança é de 0,5% ao mês sempre que a Selic estiver acima de 8,5% ao ano. Já quando a taxa básica é de até 8,5%, o rendimento da poupança equivale a 70% da Selic.
"Nesse cenário, a poupança, apesar de ser uma aplicação fácil e segura, não fica competitiva, rendendo menos da metade da Selic", diz Storfer.
A inflação em níveis ainda pressionados somada às condições financeiras mais restritivas impostas pelo avanço da Selic, tem contribuído para saques cada vez maiores de recursos da poupança.
Em fevereiro, a caderneta de poupança registrou saques líquidos de R$ 11,515 bilhões, segundo dados divulgados pelo Banco Central. Esta foi a maior retirada líquida de recursos já registrada para meses de fevereiro na série histórica da autoridade monetária, iniciada em 1995.