Bolsa supera os 114 mil pontos e atinge maior nível desde novembro; dólar fecha em queda
O IPCA, índice oficial de inflação do Brasil, deve ser divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na manhã desta quarta-feira (7)
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Economia MERCADO-FINANCEIRO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa brasileira registrou seu melhor fechamento do ano nesta terça-feira (5), superando os 114 mil pontos, apoiada pelas ações da Vale e por expectativas positivas de inflação no país.
Já o dólar teve leve queda impactado pelas apostas de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) deve promover uma pausa na escalada dos juros americanos.
Assim, o Ibovespa fechou em alta de 1,69%, a 114.610 pontos, o maior nível do índice desde novembro de 2022. Já o dólar teve queda de 0,34%, fechando a R$ 4,912.
As ações da Vale, que lideraram as mais negociadas da sessão, foram beneficiadas pela alta dos contratos futuros de minério de ferro e avançaram 0,32% nesta terça, apoiando a Bolsa brasileira. Ganhos da Petrobras (2,29%) e Itaú (0,77%) também auxiliaram o índice a fechar no positivo.
A Eletrobras teve fortes altas de 4,80% nas ações ordinárias e 4,06% nas preferenciais, após a Câmara dos Deputados pedir que o STF (Supremo Tribunal Federal) rejeite o pedido do governo federal que questiona a limitação do poder de voto da União na companhia.
A Bolsa brasileira foi auxiliada, ainda, pela divulgação do IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna), que mede a variação de preços no atacado e recuou 2,33% em maio, segundo a Fundação Getúlio Vargas, acumulando deflação de 5,49% em 12 meses. A queda foi mais forte que o esperado e a maior desde janeiro de 1988.
Com os novos dados, as expectativas de inflação para o país neste ano, que já vinham beneficiando o Ibovespa, podem cair ainda mais, assim como as projeções para os juros.
Nos mercados de juros futuros, os contratos com vencimento em janeiro de 2024 iam de 13,15% para 13,13% após a divulgação do IGP-DI. Os para 2025 caíam de 11,30% para 11,24%, e os com vencimento em 2026 saíam de 11,58% para 11,52%.
"A melhora dos indicadores econômicos segue tendo peso positivo para a Bolsa, reforçando as expectativas de queda da inflação e, consequentemente, dos juros. A alta recente do índice também demonstra melhora de humor do investidor estrangeiro com ativos brasileiros", diz Lucas Martins, especialista em investimentos da Blue3.
O economista Alexsandro Nishimura, da Nomos, também destaca que o mercado está enxergando uma combinação de fatores que vêm impulsionando o Ibovespa e trazendo otimismo às expectativas de inflação e juros, citando a tramitação do arcabouço fiscal e da reforma tributária no Congresso como pontos positivos no cenário local.
O relatório Focus divulgado na segunda (5) mostrou que o mercado projeta agora uma inflação de 5,69% neste ano, contra 5,71% no levantamento anterior. Para 2024 a conta foi ajustada para baixo em 0,01 ponto, a 4,12%.
Para os juros, manteve-se a perspectiva de que a Selic será mantida no atual patamar de 13,75% na reunião deste mês do Copom (Comitê de Política Monetária), que acontece em 20 e 21 de junho, e também na de agosto.
Houve, porém, uma mudança nas projeções sobre a magnitude do corte. Agora, a estimativa é de que a Selic será reduzida em 0,50 ponto percentual na reunião de setembro, ante 0,25 ponto estimado anteriormente.
O IPCA, índice oficial de inflação do Brasil, deve ser divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na manhã desta quarta-feira (7).
Pesaram contra a Bolsa brasileira, porém, quedas de B3 (0,35%) e PetroRio (3,03%), que também ficaram entre as mais negociadas desta terça.
Nos Estados Unidos, os índices acionários fecharam em leve alta, com investidores avaliando as chances de o Fed manter os juros americanos inalterados em sua reunião da próxima semana. Apesar de a maior parte do mercado acreditar numa pausa, indicadores mistos sobre a economia americana aumentam a incerteza.
Dados divulgados na segunda mostraram que o setor de serviços dos Estados Unidos cresceu pouco em maio, com a desaceleração de novas encomendas, o que sinaliza que a economia americana está esfriando e reforça a expectativa de pausa nos juros. Números fortes do mercado de trabalho no mês, porém, indicam a direção contrária.
"Alguns dirigentes do Fed defendem uma pausa nos juros, enquanto outros já defendem uma queda, mas não há um cenário fechado porque os indicadores não estão mostrando uma sinalização clara. Essa decisão ainda está totalmente em aberto", diz Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest.
Ela diz acreditar que uma manutenção de juros é o mais provável, pois daria ao banco central americano tempo para analisar os indicadores econômicos do país.
Nesse cenário, o Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq tiveram alta 0,03%, 0,24% e 0,36%, respectivamente.
O dólar, por sua vez, teve queda apesar de ter iniciado o dia em alta. As incertezas sobre a política de juros do Fed também impactaram a moeda americana, que seria beneficiada por um aumento das taxas na próxima reunião.
"O desempenho da economia norte-americana não está tão pujante, o que mostra que o Fed pode não subir sua taxa de juros. E como a nossa taxa continua alta, o investidor prefere colocar o dinheiro aqui", comentou Mário Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar ante outras moedas fortes, tinha alta de 0,21%.