Consultor: Brasil enfrenta recessão prolongada sem reformas políticas
País enfrente sua pior recessão em mais de um século
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Economia Allianz
O economista chefe da instituição financeira Allianz, Mohamed El-Erian, avalia que o Brasil vai enfrentar uma recessão prolongada e um aumento da pobreza que afetará as gerações atuais e futuras se não adotar várias reformas políticas.
"O Brasil encontra-se numa situação delicada, que ameaça o bem estar das gerações atuais e futuras", disse o antigo gestor de fundos que há mais de um década conseguiu uma significativa valorização da carteira dos seus clientes ao apostar no desenvolvimento do Brasil antes da eleição de Lula.
"Se a classe política não responder com um abrangente conjunto de medidas políticas, o país vai ficar vulnerável a uma recessão prolongada, pressões inflacionárias, pobreza mais profunda e generalizada, e um aumento gradual das pressões financeiras internas e externas", disse Mohamed El-Erian, o antigo gestor da Pimco, um dos maiores fundos de investimento do mundo, em resposta a um conjunto de questões colocadas pela agência financeira Bloomberg.
O Brasil está enfrentando a pior recessão em mais de um século e o maior escândalo de corrupção, que afeta algumas das maiores empresas nacionais, como a Petrobras, e chega ao mais alto nível político, ameançado destituir a própria Presidente, Dilma Rousseff.
O país, considera o gestor, "tem um enorme potencial, absolutamente enorme, mas o que falta é o contexto político que permita uma implementação sustentada das políticas, a par de um apoio generalizado e bem compreendido pela população".
Apesar da recente subida dos níveis de confiança dos investidores e das empresas, as taxas mantêm-se em níveis historicamente baixos, com os custos de financiamento a escalarem para os níveis mais altos desde 2006 e as taxas de juro da inflação e do desemprego a estarem na ordem dos 10%.
Em dezembro, El-Erian, que é também comentarista residente da Bloomberg, considerou que o Brasil estava "limpando a casa" e isso poderia ter uma influência negativa no crescimento a curto prazo.
A economia brasileira registou uma recessão de 3,8% no ano passado e, segundo a última sondagem do Banco Central, a contração vai prolongar-se este ano, podendo chegar aos 3,6%.