Netflix afunda na Bolsa mesmo após aumentar assinantes em 5,9 milhões; entenda
De abril a junho deste ano, a Netflix aumentou em 5,9 milhões o número da sua base de assinantes
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As ações da Netflix desabam nesta quinta (20) na Nasdaq, Bolsa de valores americana que reúne papéis de companhias tecnológicas. A queda ocorre um dia após a companhia ter apresentado resultados positivos referentes ao segundo trimestre deste ano.
Perto das 13h20, as ações da companhia recuavam 9,10%, a US$ 434,14, na maior queda desde abril do ano passado. No ano, o papel acumula alta de mais de 46%.
De abril a junho deste ano, a Netflix aumentou em 5,9 milhões o número da sua base de assinantes, bem acima do consenso de estimativas de 1,9 milhão da agência Reuters.
A companhia também registrou receita de US$ 8,2 bilhões, alta de 2,7% na comparação com o mesmo trimestre de 2022.
Segundo a Netflix, o resultado foi influenciado pelo lançamento do compartilhamento pago de senhas em mais de cem países, que representam cerca de 80% da base de receitas da companhia.
"A receita em cada região agora é maior do que antes do lançamento, com inscrições já ultrapassando cancelamentos", disse a companhia em comunicado aos acionistas.
O lucro operacional da Netflix (antes do desconto com impostos e juros) foi de US$ 1,8 bilhão, um crescimento de 15,8% ante o mesmo período do ano passado.
Já o lucro líquido por ação foi de US$ 3,29, maior do que os US$ 3,20 registrados no segundo trimestre de 2022.
Mesmo com os números fortes da companhia, elogiados por analistas, a receita da companhia ficou ligeiramente abaixo dos US$ 8,3 bilhões esperados por Wall Street, segundo consenso da Reuters.
Além disso, como se trata de uma empresa tecnológica, os analistas olham com atenção para as projeções da empresa para os próximos trimestres. A estimativa de receita da empresa para o terceiro trimestre ficou em US$ 8,5 bilhões, abaixo do consenso de projeções, de US$ 8,7 bilhões.
BANCOS OTIMISTAS
A despeito das reações negativas do mercado, analistas de grandes bancos estrangeiros estão otimistas com os números da Netflix.
Em relatório, Eric Sheridan, Lane Czura e Alex Vegliante, do Goldman Sachs, dizem que os resultados e projeções da Netflix devem trazer a companhia de volta para uma taxa de adição líquida de assinantes anualizada de mais de 20 milhões.
Segundo os analistas, essa taxa aponta para uma maior confiança nos objetivos da companhia no médio prazo, o que deve levar a empresa de volta a uma receita de dois dígitos, com expansão de margem.
No futuro, o Goldman Sachs espera discussões em torno da relação entre o patamar elevado de preço da ação da companhia e as taxas de crescimento de receita e dinâmica de margem neste ano.
Os analistas Doug Anmuth e Bryan M. Smilek , do JPMorgan, por sua vez, afirmam que os resultados do segundo trimestre não mudam a tese positiva que o banco tem para a ação da Netflix.
O banco americano reconhece que a monetização da empresa pela implementação do compartilhamento pago de senhas está abaixo do esperado pelos analistas da instituição, ainda assim, eles aguardam que a medida seja altamente agregadora para a receita da empresa ao longo do tempo.
Os especialistas do JPMorgan chamam atenção para o fato de a estratégia estar sendo bem-sucedida, com menos cancelamentos em reação à medida do que o esperado.
O banco destaca, ainda, o aumento significativo da projeção da Netflix para o fluxo de caixa livre, passando de US$ 3,5 bilhões para US$ 5 bilhões em 2023.
Segundo analistas, essa melhora na estimativa tem relação também com os custos menores devido à greve de roteiristas e atores nos Estados Unidos.
Por fim, o Bank of America classificou os números da companhia como "saudáveis", e disse que eles indicam que o lançamento do compartilhamento pago de senhas está sendo muito positivo para a empresa.
O banco reconheceu, contudo, que a receita da Netflix no segundo trimestre ficou bem abaixo do projetado pelos analistas da instituição, que esperavam um crescimento de receita de 4,9%. E destacaram também o recuo da receita média por assinante.