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Vídeo em que chefe da Receita defende taxação de bilionários gera crise com Lira

Arthur Lira vem criando tensões com com vem defendendo taxação de ricos

Vídeo em que chefe da Receita defende taxação de bilionários gera crise com Lira
Notícias ao Minuto Brasil

05:10 - 22/08/23 por Estadao Conteudo

Economia Câmara

Numa ação inédita para a sisuda Receita Federal, o secretário do órgão, Robson Barreirinhas, usou as redes sociais para defender a cobrança do Imposto de Renda de investimentos feitos por brasileiros nos países considerados paraísos fiscais. A ação acabou gerando um novo mal-estar com deputados uma semana depois da crise deflagrada pela fala do ministro Fernando Haddad sobre os super-poderes da Câmara.

Num vídeo curto publicado no Instagram, o chefe da Receita defendia a taxação dos investimentos nos chamados fundos offshore. O vídeo, porém, foi apagado e não está mais disponível. O link havia sido, inclusive, distribuído pela assessoria do Ministério da Fazenda, Fernando Haddad, a um grupo de jornalistas.

Segundo apurou o Estadão, o vídeo foi apagado por ordem do número 2 da Fazenda, Dario Durigan, após o incômodo de deputados, que fizeram chegar ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a queixa de que o governo tenta "emparedar o Congresso". Na avaliação de Lira e da cúpula da Casa, essa "não é uma ação inteligente" e pode afetar a tramitação de projetos de interesse na Câmara.

Lira não apoia a taxação, com a qual Haddad conta para aumentar a arrecadação em 2024 e garantir o cumprimento de meta de zerar o rombo nas contas do governo no ano que vem.

"É muito importante nós começarmos a tributar os investimentos em paraísos fiscais", dizia Barreirinhas no vídeo, lembrando que essa taxação vai compensar a perda de arrecadação com a correção do salário mínimo acima da inflação e do limite tabela da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).

Segundo ele, a cobrança vai atingir somente 0,04% dos brasileiros ricos, que têm milhões de reais no exterior.

A taxação das offshore e dos fundos exclusivos de alta renda existentes no Brasil, além da pressão pela reforma ministerial, foram o estopim das críticas de Haddad, ao comando Câmara, na semana passada.

O governo tem pressa porque precisa da previsão de arrecadação dessas medidas no projeto de lei do Orçamento de 2024 para zerar o déficit publico das suas contas no ano que vem.

"Isso não é aumento da carga tributária porque você que está me ouvindo, trabalhador, paga até 27,5% quando recebe o seu salário" dizia o secretário no material que foi apagado. "E, quando sobra um dinheirinho e coloca numa aplicação financeira, você já paga aqui no Brasil o Imposto de Renda começando em 15%", acrescentou o secretário numa referência ao chamado come-cotas que é cobrado da Receita nos investimentos em fundos, mesmo quando não há resgate do dinheiro investido."

Segundo Barreirinhas, a proposta do governo é que as pessoas que têm centenas de milhões reais no exterior comecem a pagar o Imposto de Renda.

O secretário rebateu a avaliação que ganhou força no Congresso de que essa medida seja pouco eficiente, levando os investidores a se instalarem em outros países, como Uruguai.

"Não é verdade. Primeiro, que o dinheiro já está fora do Brasil. Segundo, que essa pessoa quiser mudar de domicílio ela vai pagar mais Imposto de Renda, porque só o Brasil não cobra em rendimentos em paraísos fiscais", defendeu. "Se mudar para os nossos vizinhos vai pagar. Argentina e Chile já cobram mais de 30% de Imposto de Renda em paraíso fiscal. Se for para a Europa, é mais do que 30%. É 35% ", ressaltou.

Procuradas, Fazenda e Receita não explicaram a razão de o material ter saído do ar até a publicação deste texto.

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