Onda de calor eleva consumo de energia no país a níveis recordes para setembro
A previsão do ONS é que setembro feche com um consumo de energia de 75,2 mil MW (megawatts) médios.
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NICOLA PAMPLONA E FERNANDA BRIGATTI
RIO DE JANEIRO, RJ, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A onda de calor no país está puxando o consumo de energia para níveis recordes para o mês de setembro, segundo dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), enquanto o varejo vê dispararem as vendas de aparelhos de ar condicionado.
Na segunda semana do mês, por exemplo, a carga do SIN (sistema interligado nacional) bateu 73,5 mil MW (megawatts) médios, já um recorde para o mês de setembro –o maior valor anterior havia sido registrado na última semana de setembro de 2021: 71 mil MW médios.
Nesta sexta-feira (22), dia em que a cidade de São Paulo bateu o recorde de calor do ano, a carga chegou a bater 81,2 mil MW médios. Na quinta (21), a demanda máxima atingiu pico de 90,9 mil MW às 16h37, a maior desde os 97,3 mil MW registrados às 16h do dia 14 de fevereiro.
A previsão do ONS é que setembro feche com um consumo de energia de 75,2 mil MW (megawatts) médios, alta de 5,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Se confirmado, será o maior valor já registrado para o mês, de acordo com dados históricos do operador.
"A previsão de crescimento da carga para setembro é a maior dos últimos meses, reflexo do calor mais intenso e também de uma economia mais aquecida", disse, em nota divulgada na sexta-feira (22), o presidente do ONS, Luiz Carlos Ciocchi.
A aceleração mais expressiva no consumo deve ser registrada na região Norte (10,6%), que conta com o retorno das operações de um grande consumidor industrial. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, a previsão é de aumento de 6,1%; no Nordeste, de 4,2%.
Atingida por temporais durante o mês, a região Sul tem a menor previsão de aumento do consumo em relação ao mesmo mês do ano anterior, de 3,8%.
Com reservatórios cheios, porém, o sistema nacional de energia não tem dificuldades para atender ao aumento da demanda, diz Ciocchi. "Seguimos preparados para atender a sociedade brasileira. O sistema é robusto, seguro e o cenário é favorável."
Nesta sexta-feira (22), por exemplo, os níveis dos reservatórios das hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, a principal caixa d'água do setor elétrico brasileiro, estavam nas melhores condições para o mesmo dia em 24 anos.
Alguns dos maiores representativos reservatórios dessas regiões, como os das usinas hidrelétricas de Furnas, no rio Grande, e Emborcação, no rio Paranaíba, iniciaram o dia com o melhor nível de armazenamento dos últimos 19 anos, informou o ONS.
No varejo, o sentimento é de otimismo em relação à indústria de ar-condicionado, que já projeta fechar o ano com alta de até 10% nas vendas, depois de fechar 2022 com queda de 26% na produção de ar-condicionado do tipo split e de 81%, entre os de janela.
"Nosso principal influenciador é São Pedro e ele está nos ajudando muito neste ano", brinca Jorge do Nascimento, presidente-executivo da Eletros (Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos).
As temperaturas elevadas dos últimos dias levaram o consumidor às compras. Entre os dias 10 e 20 de setembro, a plataforma Shopee registrou alta de 400% no volume de buscas por ventiladores em seu site e aplicativo, na comparação com o mesmo período do ano passado.
As vendas desse produto cresceram 200%. Por ar-condicionado, o aumento nas buscas foi de 250%. Na rede Magazine Luiza, as vendas de ares-condicionados aumentaram 72%, principalmente nas regiões Nordeste e Sudeste. No ecommerce, a empresa registrou crescimento de 49% nas vendas em setembro.
A baixa umidade relativa do ar também turbinou a procura por aparelhos umidificadores, que subiu 80%.
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