Mercadante minimiza calote da Venezuela e diz que não há motivo para 'nhenhenhem'
As principais dívidas somam US$ 1,12 bilhão (R$ 5,69 bilhões na cotação atual), segundo dados divulgados pela instituição até 30 de junho deste ano
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Economia ALOIZIO-MERCADANTE
(FOLHAPRESS) - O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, minimizou neste sábado (14) a inadimplência de países como a Venezuela. As principais dívidas somam US$ 1,12 bilhão (R$ 5,69 bilhões na cotação atual), segundo dados divulgados pela instituição até 30 de junho deste ano.
Mercadante afirmou que não há motivos para "nhenhenhem" quando questionado sobre calotes dados na instituição pública de fomento e no país. Ele participou do 1° Fórum Internacional da Esfera Brasil, em Paris.
Após o evento, Mercadante concedeu entrevista e disse que as dívidas pendentes são "irrelevantes". "O relevante é olhar para frente, de como é que nós vamos construir o crescimento das exportações e o desenvolvimento do Brasil. Vocês [jornalistas] ficam com esse 'nhenhenhem', que é uma coisa absolutamente irrelevante para o BNDES", afirmou.
Três países devem juntos mais de R$ 5 bilhões ao Brasil. A Venezuela soma US$ 739 milhões (R$ 3,76 bilhões), enquanto Cuba, US$ 261 milhões (R$ 1,33 bilhão), e Moçambique, US$ 122 milhões (R$ 620,7 milhões). O BNDES financiou a chamada exportação de serviços aos países durante gestões petistas passadas.
Nessa modalidade, entram obras realizadas por empresas brasileiras, e o FGE (Fundo Garantidor de Exportações), com recursos do Tesouro, cobre eventuais inadimplências.
Segundo dados do BNDES, até junho deste ano, o FGE já ressarciu a instituição em US$ 1,09 bilhão na soma dos três países citados. O porto de Mariel, em Cuba, e parte do metrô de Caracas, por exemplo, foram financiados dessa forma.
"Exportação de serviços no BNDES nunca foi mais do que 1,3% do desembolso. Então é irrelevante. E é altamente rentável, historicamente, para o BNDES, inclusive para o Brasil. O Fundo Garantidor, o FGE da União, tem um superávit hoje de R$ 7,5 bilhões", afirmou Mercadante.
Segundo o presidente do BNDES, "eventuais inadimplências" não quebram o Brasil.
"O país atrasa pagamento, sempre recupera, em algum momento volta a pagar. E o BNDES é um banco público, é um banco paciente, que vai continuar cobrando e esperar que tudo seja pago", disse.
Questionado sobre se o Brasil vai estimular novos projetos no exterior, ele afirmou que não há previsão de iniciativas semelhantes.
Mercadante destacou o que considera pontos positivos do banco público neste primeiro ano da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Afirmou que BNDES aumentou em 40% as aprovações de financiamento e duplicou o apoio às exportações de produtos industrializados em relação a 2022.
"É isso que conta, gerar emprego e investimento, aprimorar e melhorar as práticas do banco, que é um banco extremamente rigoroso e competente. A inadimplência no BNDES é 0,01%. Me apresente algum banco no mundo que seja mais transparente que o BNDES, que seja mais rigoroso com os seus critérios", disse.
ÔNIBUS ELÉTRICO
O presidente do BNDES falou ainda sobre a migração para veículos elétricos e híbridos. Segundo ele, o BNDES vai anunciar na quinta-feira (19) uma linha de financiamento de ônibus elétricos no país.
"O Brasil é o segundo país que mais anda de ônibus no planeta, perde para a Índia. E 52% dos ônibus que circulam na América Latina foram produzidos pela indústria brasileira", afirmou.
"Os chineses entraram muito fortes com ônibus prontos no Chile e no México. São dois mercados históricos do Brasil. Então nós agora, nesta semana mesmo, já vamos fazer o primeiro financiamento para a produção de ônibus elétricos, para financiar ônibus elétricos produzidos no Brasil", disse, sem dar mais detalhes.
Mercadante explicou que defende o conteúdo nacional e afirmou que quatro montadoras vão aderir à linha de financiamento. "Nós queremos agregar cada vez mais valor", disse.
De acordo com ele, o país precisa substituir 170 mil ônibus. "Então é um mercado muito importante, com muita escala, muito poder de compra. E o BNDES tem um papel decisivo. Vamos avançar muito", afirmou.
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