Dólar abre em queda, com mercado repercutindo dados do IPCA-15
O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) registrou aceleração da inflação em maio a 0,44%, após dois meses de alívio, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta manhã.
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar operava em queda nos primeiros negócios desta terça-feira (28), com investidores repercutindo os dados de inflação aferidos pelo IPCA-15 e em linha com a queda da divisa também no exterior.
Por volta das 9h55, a moeda norte-americana recuava 0,62%, cotada a R$ 5,140 na venda.
O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) registrou aceleração da inflação em maio a 0,44%, após dois meses de alívio, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta manhã.
O resultado ficou abaixo do esperado: a mediana das estimativas de analistas consultados pela Bloomberg apontava para uma inflação de 0,47% em maio.
No acumulado dos últimos 12 meses, o IBGE registrou um índice de 3,70%, enquanto o mercado esperava que a inflação ficasse em 3,74% no período. Em março, a taxa era de 3,77% nesse recorte de tempo.
A variação de preços medida pelo IPCA-15 é considerada uma espécie de "prévia" do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), o indicador oficial da inflação do país. Isso porque o período de coleta é diferente: o IPCA-15 é aferido entre a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês de referência da divulgação.
Ou seja, ele sinaliza a tendência de aceleração ou desaceleração antes da contagem oficial.
Por esse motivo, o IPCA-15 funciona como um termômetro da economia -e, em meio a ruídos de uma inflação mais alta, serve também para ancorar as expectativas no que diz respeito à política monetária, já que a taxa Selic é o principal instrumento do BC (Banco Central) para controlar os preços do país.
O dólar, no exterior, também operava em queda, antes de mais dados de inflação das principais economias do mundo. Na sexta-feira, é esperada a divulgação do PCE, o núcleo da inflação dos Estados Unidos e o indicador mais monitorado pelo Federal Reserve, o banco central norte-americano.
Uma inflação mais alta por lá pode significar taxas de juros também elevadas por mais tempo, o que mina o apetite por risco nos mercados globais.
Na segunda-feira, o dólar fechou perto da estabilidade, com leve alta de 0,07%, cotado a R$ 5,171 na venda. A Bolsa brasileira também teve pouca alteração e avançou 0,15%, a 124.495 pontos.
Em dia de agenda esvaziada e de feriado nos Estados Unidos, investidores analisaram o último Boletim Focus e tinham a entrevista coletiva de Magda Chambriard no radar.
Economistas consultados pelo do BC (Banco Central) aumentaram a previsão para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ao final do ano pela terceira semana consecutiva. Agora, a estimativa é que o indicador oficial da inflação do país encerre 2024 em 3,86% -alta de 0,06 p.p. (ponto percentual) em relação à leitura anterior.
Já a taxa Selic teve a projeção mantida em 10%, a primeira pausa após três semanas de alta nas previsões.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, comentou sobre os dados em evento promovido pelo grupo Lide, em São Paulo.
Para ele, ainda que as expectativas de inflação tenham subido em meio a ruídos recentes, como a flexibilização da meta fiscal e a tragédia no Rio Grande do Sul, a autoridade monetária entende que, ao longo do tempo, deve haver uma estabilização e posterior melhora nas projeções de mercado.
"A expectativa de inflação voltou a subir... A gente entende que no longo prazo isso deve se estabilizar e voltar a melhorar", disse.
Ele ainda citou que foi a desancoragem das expectativas que impulsionou a decisão do BC de reduzir o ritmo do afrouxamento monetário de 0,5 ponto percentual para 0,25 ponto percentual na última reunião do Copom, levando a Selic a 10,50% ao ano.
A primeira entrevista de Magda Chambriard como presidente da Petrobras também estava no radar dos investidores. Ela foi eleita na última sexta-feira (24), após aprovação do conselho de administração da estatal.
Chambriard assume o cargo deixado por Jean Paul Prates, demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no último dia 14 de maio em meio a uma série de desavenças quanto à condução da companhia, catalisadas pela crise dos dividendos.
A aposta é que a executiva, a pedido de Lula, acelere investimentos em outros setores da Petrobras para a geração de emprego e renda no país.
"O perfil dela estará completamente alinhado às expectativas do governo e este, por sua vez, quer a Petrobras maior, gastando mais e distribuindo menos o lucro", diz Jefferson Laatus, estrategista-chefe da Laatus. "Na prática, a Petrobras com certeza pagará menos dividendos."
Daí a expectativa pela primeira entrevista coletiva de Chambriard: além da antecipação já habitual aos investidores da companhia, que teve oito presidentes em oito anos, eles esperam mais detalhes sobre qual será o perfil de gestão da executiva, sobretudo em relação aos dividendos e à política de preços de combustíveis.
Impulsionados pela alta do barril de petróleo no exterior, os papéis preferenciais e ordinários da companhia encerraram a sessão com alta de 1,09% e 1,02%, respectivamente.
Vale avançou 0,34%, em dia de desvalorização do minério de ferro na China.
Também na coluna positiva, Raízen disparou 2,47%, após a inauguração da nova planta de produção de etanol de segunda geração em Guariba (SP).
Liderando as perdas, YDUQS recuou 3,96%, seguida por Azul, com 2,32%, em movimento de realização de lucros após forte alta na sexta-feira, quando anunciou acordo de cooperação com a Gol.