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Eletrobras vê preço da energia em alta nos próximos anos

O crescimento desordenado de usinas eólicas e solares levou a um cenário de sobreoferta de energia em períodos de grande insolação

Eletrobras vê preço da energia em alta nos próximos anos
Notícias ao Minuto Brasil

agora mesmo por Folhapress

Economia Energia

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS0 - O vice-presidente de Comercialização e Soluções em Energia da Eletrobras, Ítalo Freitas, disse nesta quinta-feira (7) que os preços da energia têm viés de alta para os próximos anos, diante de restrições a investimentos em fontes renováveis como solar e eólica.

 

Esses projetos vêm garantindo grandes descontos no preço de energia para grandes consumidores nos últimos anos, mas o crescimento acelerado da geração criou problemas para a operação do sistema interligado de energia no país.

"O Brasil está passando por um momento de mudança no setor de energia, com um grande desafio relacionado às renováveis intermitentes", afirmou o executivo, em conferência com analistas para detalhar o lucro de R$ 7,6 bilhões no terceiro trimestre de 2024.

Essas usinas, disse, hoje enfrentam maior dificuldade de implantação. "Isso naturalmente pressiona os preços para cima."

O crescimento desordenado de usinas eólicas e solares levou a um cenário de sobreoferta de energia em períodos de grande insolação. Para lidar com isso, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) vem obrigando empresas a promoverem cortes involuntários na geração.

O mecanismo, conhecido como "curtailment", é hoje tema de uma batalha judicial entre geradoras e a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), em torno de possíveis ressarcimentos pela perda de receita com os cortes.

Empresas do setor vêm alegando que o "curtailment" desestimula novos investimentos, mas o ONS alertou recentemente para o risco de não conseguir operar o sistema diante da sobreoferta esperada para os próximos anos.

Com sua carteira de geração majoritariamente formada por energia hidrelétrica, a Eletrobras se beneficia do cenário. No curto prazo, vem recebendo prêmios por garantir a oferta de energia no início da noite, quando a energia solar cessa e o consumo aumenta com os brasileiros chegando em casa.

Na conferência desta quinta, a empresa disse que o prêmio chegou a bater R$ 24 por MWh (megawatt-hora) na região Nordeste em outubro –nas outras regiões, ficou em R$ 20 por MWh. Na média do terceiro trimestre, era de apenas R$ 3 a R$ 6 por MWh, dependendo da região.

No médio prazo, como tem energia para vender no mercado livre, a empresa se beneficiará da tendência de alta dos preços. A Eletrobras responde hoje por 22% da capacidade de geração de eletricidade do país, com 44,1 mil MW. Deste total, 95% vêm de hidrelétricas.

No trimestre, a empresa registrou crescimento de 387% no lucro líquido, mas o resultado reflete ajuste no valor de ativos de transmissão após revisão tarifária, que contribuiu com R$ 5,4 bilhões do lucro apurado de R$ 7,6 bilhões.

A companhia destacou que prossegue com seu plano de redução de custos com pessoal, manutenção, serviços e operação e com o esforço para reduzir provisões, principalmente com os empréstimos compulsórios tomados pelo setor elétrico entre os anos 1960 e 1990.

Nesse sentido, fechou novo acordo coletivo de trabalho com 65% de seus empregados, adequando salários e benefícios à média do setor privado, e abriu novo plano de demissão voluntária para reduzir ainda mais o quadro de empregados.

A empresa ressaltou que aproveitou boas condições do mercado e captou R$ 22,1 bilhões em 2024, o que lhe garante um caixa suficiente para cobrir investimentos e todas as suas obrigações de dívidas nos próximos cinco anos.

O vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da companhia, Eduardo Haiama, afirmou que hoje a Eletrobras está "muito confortável" para enfrentar volatilidades ou aproveitar oportunidades de crescimento no mercado.

A empresa enfrenta uma mediação com o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a presença da União em seu conselho após a privatização, mas o tema não foi contemplado na conferência desta quinta.

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