Impeachment não garante aprovação de reformas, diz Moody's
A Moody's foi a última das grandes agências de classificação de risco a retirar o selo de bom pagador do Brasil
© Moreira Mariz/Agência Senado
Economia Agência
A agência de classificação de risco Moody's afirmou nesta quinta-feira (1º) que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff retira uma incerteza que pesava sobre a economia brasileira, mas alertou que o presidente Michel Temer pode enfrentar desafios para aprovar as reformas econômicas.
Segundo a Moody's, embora as propostas de Temer para sanear as contas do governo tenham animado o mercado e aumentado a confiança empresarial, "uma melhora tangível nas contas fiscais do Brasil ainda precisa se materializar".
"O governo teve relativo sucesso ao passar algumas reformas no Congresso, mas os detalhes de propostas de reformas-chave, como a da Previdência Social, ainda precisam ser delineados", disse Maziad, vice-presidente e analista sênior da Moody´s. "Além disso, a aprovação das reformas pelo Congresso exigirá consenso político, o que está longe de estar garantido".
Essas reformas, afirma a agência, são necessárias para melhorar o perfil de crédito do país. A Moody's foi a última das grandes agências de classificação de risco a retirar o selo de bom pagador do Brasil. Atualmente, o Brasil tem nota Ba2, com perspectiva negativa -o que significa que novos rebaixamentos podem ocorrer.
A Moody's lembra que Temer propôs uma série de reformas, incluindo uma proposta de emenda à constituição que limita o crescimento dos gastos públicos.
Para a agência, o governo terá dificuldades de cumprir a proposta sem uma reforma da Previdência, pois os pagamentos de benefícios respondem atualmente por cerca de 40% das despesas federais.
"Sem um aumento da idade mínima para a aposentadoria e a desindexação dos benefícios ao salário mínimo, outras despesas do governo terão de ser drasticamente reduzidas para garantir que o gasto público total seja consistente com o teto", afirma a Moody's em nota.
Por outro lado, caso as reformas sejam aprovadas, podem ajudar o governo a estabilizar o endividamento, o que ajudaria a melhorar a nota de crédito brasileira. Com informações da Folhapress.