Tanure tenta acordo com portugueses na Oi
O Société Mondiale (ligado a Nelson Tanure, dono de 6,32%) aposta num entendimento com os portugueses, informou fonte próxima ao fundo.
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Após protagonizar nos últimos meses uma disputa pelo poder na Oi com a Pharol (antiga Portugal Telecom, maior acionista individual da tele com 22% de participação), o Société Mondiale (ligado a Nelson Tanure, dono de 6,32%) aposta num entendimento com os portugueses, informou fonte próxima ao fundo.
O acordo deixaria o Société com assentos no conselho de administração, influência na direção executiva da tele, assim como no plano de recuperação judicial, que será apresentado na segunda-feira.
Em contrapartida, Tanure não levaria aos acionistas um plano de recuperação judicial alternativo ao da empresa. Além disso, deixaria de defender a destituição dos membros do conselho ligados à Pharol, e medidas de responsabilização contra a companhia portuguesa por danos na fusão com a Oi.
Os dois temas seriam votados em assembleias de acionistas, convocadas por Tanure. Ontem, o juiz responsável pelo processo de recuperação judicial da tele, Fernando Viana, decidiu suspender as assembleias e determinou uma mediação entre o fundo e os portugueses.
"Uma das premissas do entendimento é que tanto a Oi quanto a Pharol foram prejudicadas pelos mesmos dirigentes, que já não estão nas empresas", disse a fonte.
Reunião
O conselho de administração da tele irá se reunir na manhã de segunda-feira para bater o martelo sobre o plano, que será apresentado à Justiça à tarde. A fonte não detalhou se o plano já trará pontos defendidos por Tanure ou se poderá ser apresentada alguma atualização posteriormente.
O acerto alinhavado entre as partes contempla a nomeação de indicados por Tanure ao conselho e a saída de parte dos membros associados aos portugueses. Ao menos dois nomes propostos pelo empresário já estariam certos: o ex-ministro das Comunicações Helio Costa e o ex-vice-presidente do BNDES Demian Fiocca. O atual presidente do conselho José Mauro Mettrau será mantido, disse outra fonte também próxima ao fundo.
Procurado, o fundo não quis fazer comentários. A Pharol informou que não tem acerto fechado com o Société Mondiale e respeitará a decisão de tentar o acordo na mediação.
Sem conversa
O principal grupo de bondholders (detentores de títulos) da Oi vê com "frustração e preocupação" a ausência de negociações durante a elaboração do plano, diz fonte ligada aos credores assessorados pela Moelis & Company.
A apreensão ocorre diante da expectativa de que a proposta irá privilegiar os acionistas, com a Pharol agindo para minimizar a diluição. A fonte também relata tensão no conselho de administração. "Há muitas discussões justamente pelo entendimento de parte dos conselheiros de que a Pharol querer privilegiar os acionistas."
Outra fonte informou que a intenção da Oi é iniciar as negociações após apresentar o plano. Daí então é esperada uma grande disputa entre credores e os atuais acionistas. A fonte confirmou que o documento virá com a visão do atual conselho.
Os bondholders criticam a possibilidade dos portugueses agirem no conselho em causa própria, não visando ao melhor para a tele. A resistência à diluição pela Pharol teria sido um dos motivos que levaram a empresa à recuperação judicial.
Os bondholders também criticam a disputa por poder na Oi entre Tanure e a Pharol. A visão é de que os únicos privilegiados até o momento são justamente os dois personagens. Tanure teria se beneficiado pela disparada no preço das ações recentemente, enquanto os portugueses estariam utilizando a briga como argumento para justificar um plano mais benéfico para os acionistas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.