Moody's: plano de negócios da Petrobras vai exigir extrema disciplina
Para isso, corta os investimentos em 25% e prevê receita adicional de US$ 19,5 bilhões com venda de ativos
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Economia Moody's
A agência de classificação de risco Moody's avalia que o cumprimento das metas financeiras do plano de negócios da Petrobras para o período entre 2017 e 2021 depende de disciplina "extrema".
O plano, lançado na terça (20), tem como principal objetivo retomar o selo de bom pagador, conferido por agências como a Moody's. Para isso, corta os investimentos em 25% e prevê receita adicional de US$ 19,5 bilhões com venda de ativos.
"Excluindo fatores que estão fora do controle da companhia, como preços do petróleo e taxa de câmbio, o novo plano da Petrobras é desafiador", diz a agência, em nota divulgada na noite de terça.
"O sucesso da companhia em atingir suas metas de desalavancagem, o que seria positivo para sua nota de crédito, dependerá de extremo foco e disciplina da gestão", completa.
O plano antecipa para 2018 a meta de reduzir a relação entre dívida e geração de caixa para 2,5 vezes, considerada adequada pelas agências de classificação de risco -no segundo trimestre, eram 3,99 vezes.
No plano anterior, a meta só seria atingida em 2020. Em entrevista para detalhar o plano, na terça, o presidente da estatal, Pedro Parente, disse que a Petrobras terá dois anos de austeridade para depois voltar a crescer.
A Petrobras perdeu o selo de bom pagador em 2015, diante do crescimento acelerado de seu endividamento em meio a um cenário de queda dos preços do petróleo.
Em fevereiro de 2016, a Moody's voltou a rebaixar a nota da estatal, para a categoria Ba3, a mais baixa entre as consideradas grau especulativo. Mais um rebaixamento levaria a empresa ao nível de alto risco de calote.
LUA DE MEL
Em relatório divulgado nesta quarta (21), o banco UBS diz acreditar que a nova postura da gestão da estatal dará início a um período de "lua de mel" com investidores.
"O processo de decisão da gestão da empresa, focado em lucratividade e no seu negócio principal (exploração e produção de petróleo), deve melhorar o valor das ações no médio prazo", diz o texto.
Embora concorde que as metas são desafiadoras, o banco elevou sua avaliação de preço-alvo das ações preferenciais da companhia, de R$ 18,20 para R$ 19. No dia da apresentação do plano, os papéis fecharam em R$ 13,50.
Também em relatório, analistas do banco BTG Pactual dizem que "todos os números principais (do plano) vieram positivos e melhores do que o esperado".
Eles alertam que a manutenção da meta de produção mesmo com queda nos investimentos pode gerar algum ceticismo, mas que, com mudanças nas regras de conteúdo local e contratação de plataformas no exterior, a empresa pode superar o desafio.