Meteorologia

  • 28 DEZEMBRO 2024
Tempo
--º
MIN --º MÁX --º

Edição

Governo Trump causa onda de valorização do dólar

Os sinais iniciais, captados com o primeiro discurso de Trump após a vitória, sugerem que, no Brasil, a cotação da moeda americana deve ficar mais elevada e os juros vão cair em velocidade mais lenta, afirmam analistas

Governo Trump causa onda
 de valorização do dólar
Notícias ao Minuto Brasil

08:11 - 11/11/16 por Folhapress

Economia Política Econômica

Especulações sobre a política econômica a ser adotada pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, levaram o dólar a uma onda de valorização em todo o mundo. Isso influencia a economia de países emergentes, como o Brasil, onde a já fraca recuperação da atividade pode ficar ainda mais lenta.

Os sinais iniciais, captados com o primeiro discurso de Trump após a vitória, sugerem que, no Brasil, a cotação da moeda americana deve ficar mais elevada e os juros vão cair em velocidade mais lenta, afirmam analistas.

O resultado dessa combinação é um estímulo menor à retomada da economia brasileira, que está há mais de dois anos em recessão. Nesta quinta (10), o dólar comercial à vista subiu 5% no Brasil, para R$ 3,36, a maior alta em oito anos (desde outubro de 2008) e Bolsa caiu 3,25%.

Como resposta ao que já foi batizado de "trumponomics" no exterior, o Itaú Unibanco reviu sua projeção para a taxa básica de juros no Brasil. Em vez de um corte de 0,5 ponto percentual na reunião deste mês, os economistas do banco preveem redução de 0,25 ponto, para 13,75% ao ano.

O ex-presidente do Banco Central do Brasil Carlos Langoni afirma que a provável moderação do BC brasileiro é resultado de um aumento antecipado dos juros nos EUA, que passou a ser cogitado desde a eleição de Trump.

O republicano reafirmou no discurso de posse que uma de suas prioridades será investir maciçamente na infraestrutura interna dos EUA, o que estimulou as apostas de que os juros vão subir. Durante a campanha, Trump disse que gastaria US$ 500 bilhões em infraestrutura, cerca de 3% do PIB americano.

Mais gastos públicos, aos ouvidos dos investidores, é mais inflação. E inflação, tanto nos EUA quanto no Brasil, tem como resposta dos bancos centrais taxas de juros mais elevadas. Desde a eleição de Trump, os juros dos títulos americanos com vencimento em 10 anos negociados no mercado financeiro dispararam 15%.

Além de mais investimentos, Trump prometeu durante a campanha que reduziria os impostos para empresas e pessoas físicas, o que tenderia a aumentar o consumo. Em Nova York, o índice Dow Jones subiu 1,17%, com pontuação recorde (18.807 pontos).

"É uma visão um pouco 'naive' [ingênua, em inglês]", diz Langoni. "Se o aumento de gastos não é compensado com corte em outros gastos a expectativa de inflação sobe, os juros sobem e o crescimento econômico não se concretiza. Se fosse fácil assim, por que já não teriam feito?"

Mesmo antes da vitória do republicano, a expectativa era de que os juros nos EUA iriam subir, na esteira de uma melhora da economia americana. Mas o ritmo esperado era moderado, o que ajudava o Brasil, que vinha ganhando tempo para ajustar suas contas e sair da recessão antes que os investidores voassem de volta para os EUA, atrás de juros mais altos.

Mas os investimentos em infraestrutura podem ter como resultado mais demanda por minério de ferro e aço, produtos vendidos pelo Brasil. Em relatório, o americano BofA/Merrill Lynch disse que o saldo para ativos de países emergentes pode ser positivo. Já o JP Morgan vê risco de uma política protecionista deprimir o comércio internacional. Com informações da Folhapress.

Campo obrigatório