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Diferença de renda entre brancos e negros cresce com desemprego

Resultado é que um negro ganha 56% do rendimento médio de um branco, ante 59% no último trimestre de 2014

Diferença de renda entre brancos e
negros cresce com desemprego
Notícias ao Minuto Brasil

06:22 - 20/05/17 por Folhapress

Economia Pesquisa

O avanço do desemprego fez a desigualdade de renda entre brancos e negros voltar a crescer, interrompendo um processo de redução que se iniciara na década passada.

Entre 2015 e o primeiro trimestre deste ano, a remuneração recebida por brancos em todos os trabalhos teve variação positiva de 0,8%. Já o rendimento de pardos caiu 2,8% no período, e o de pretos, 1,6%, de acordo com dados e classificação do IBGE.

Até então, a situação era inversa: entre o primeiro trimestre de 2012, início da série histórica, e o último de 2014, o rendimento de pretos cresceu 8,6%, o de pardos, 6,5%, e o de brancos, 5,6%.

O resultado é que um negro ganha 56% do rendimento médio de um branco, ante 59% no último trimestre de 2014. Já a renda do trabalho dos pardos é equivalente a 55% da que os brancos têm -no fim de 2014, era de 57%.

A principal explicação para o retrocesso é a diferença de inserção profissional. Enquanto quase metade dos brancos está empregada em vagas com carteira, os negros concentram-se no mercado informal, em vagas sem carteira ou como autônomos, segundo dados de 2015 do Ipea.

Apesar dessa distribuição desigual, os rendimentos de negros vinham crescendo mais rápido do que os de brancos. Entre 2001 e 2011, o rendimento da população negra aumentou 41,6%, ante aumento de 18,9% na renda dos brancos nesse mesmo período, de acordo com o Ipea.

Isso aconteceu graças às políticas de valorização do salário mínimo e do crescimento dos setores de serviços e construção civil, em que a participação de negros é expressiva, diz o economista Marcelo Paixão, professor da Universidade do Texas em Austin (EUA) e coordenador do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser).

"O problema é que esses são os piores trabalhos, mais instáveis, de alta rotatividade", afirma Antonio Teixeira, pesquisador da coordenação de gênero e raça do Ipea.

"A contradição desse processo é que você teve uma melhora substantiva, mas ela se deu na base da pirâmide de rendimentos, motivo pelo qual a desigualdade continuou elevada. O efeito esperado de um período de crise é que essa base seja mais impactada, por causa do tipo de emprego que ocupa", diz.

Os setores de construção e serviços entre os mais afetados pela recessão. Reflexo disso, a diferença na taxa de desemprego entre brancos, pretos e pardos, que girava em torno de três pontos percentuais em 2014, aumentou para seis pontos neste ano.

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