Com novas denúncias, mercado incorporará riscos às reformas
Para analista, o que pode levar este governo a seguir até 2018 é o elevado custo de se tentar encontrar um outro plano político alternativo
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Economia Tendência
A chance de ocorrerem novas denúncias contra o presidente Michel Temer levará o mercado a passar a incorporar paulatinamente riscos em relação à aprovação das reformas estruturantes, disse no fim da noite dessa segunda-feira (26) Rafael Cortez, analista político da Tendências Consultoria Integrada. Ele fez a previsão após o Procurador Geral da República (PGR), Rodrigo Janot, ter oferecido denúncia contra o presidente da República por corrupção passiva no caso da JBS.
De acordo com Cortez, embora a denúncia estivesse sendo esperada, ela gera um fato novo que aumenta as repercussões políticas, dificultando a comunicação do governo, seja na esfera legislativa, em relação à tramitação das reformas, seja no processo de defesa do mandato. "Afeta também a relação do governo e os sinais que ele emite para o mercado", disse o analista.
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Para Cortez, ficou o sinal de que mesmo que Temer permaneça no governo, ocorrerá um efeito relevante do ponto de vista do timing da aprovação das reformas no sentido da medida em si e de seu conteúdo. Na avaliação do analista, dado que o ministro da Fazenda já disse que não há um plano B no tocante às reformas, o governo precisará fazer algumas mudanças de conteúdo para tentar viabilizar as mesmas.
"Mas isso passa a ser secundário porque o pouco capital político do governo deverá ser usado para tentar afastar o risco da interrupção (do mandato de Temer)", previu Cortez. Para ele, o que pode levar este governo a seguir até 2018 é o elevado custo de se tentar encontrar um outro plano político alternativo que contemple uma série de interesses partidários e na relação com a sociedade.