Dólar cai para R$ 3,18 e Bolsa engata 5ª alta com dados fracos nos EUA
O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas no mercado brasileiro, teve alta de 0,40%, para 65.436 pontos
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Economia Mercado financeiro
O dólar comercial caiu para R$ 3,18 nesta sexta-feira (14) e a Bolsa brasileira engatou a quinta alta seguida após dados fracos lançarem dúvida sobre a recuperação da economia americana. Um dia mais tranquilo no noticiário político brasileiro também contribuiu para o maior apetite por risco dos investidores.
O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas no mercado brasileiro, teve alta de 0,40%, para 65.436 pontos. A Bolsa, assim, renovou o melhor patamar desde 17 de maio, quando foi divulgada a notícia da delação do empresário Joesley Batista implicando o governo de Michel Temer. Na semana, a Bolsa teve valorização de cerca de 5%.
O dólar comercial fechou o dia com queda de 0,74%, para R$ 3,186. O dólar à vista também recuou 0,74%, para R$ 3,184. Na semana, ambos acumularam desvalorização de 3%.
Veio do exterior a influência para a maior exposição dos investidores a ativos de risco. Especificamente dos Estados Unidos, após dados mais fracos jogarem sombra sobre a economia americana.
O indicador de preços ao consumidor ficou inalterado em junho em relação a maio. A taxa acumulada em 12 meses foi de 1,6%, abaixo da estimativa de 1,7% feita por economistas e consultores ouvidos pela agência Bloomberg.
As vendas no varejo caíram 0,2%, no segundo mês de queda, afetadas pela queda no consumo de roupas, supermercados e lazer.
Os dados fracos e o discurso da presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Janet Yellen, durante a semana, de que o aumento de juros no país deve ser gradual, enfraqueceram o dólar no mundo. Das 31 principais divisas mundiais, 27 ganharam força ante a moeda americana.
A probabilidade de alta nos juros americanos na reunião do Fed dos dias 25 e 26 é de 0%. A expectativa é que um novo aumento, se ocorrer, virá apenas em dezembro.
BRASIL
Aqui, o noticiário político mais ameno, com indicações de que o governo está conseguindo manobrar para se manter no poder e passar as reformas, aliviou a percepção de risco do mercado.
O CDS (credit default swap, espécie de seguro contra calote) caiu 1,69%, a 223,97 pontos, no sexto recuo seguido.
As taxas de juros também refletiram essa percepção menor de risco. Os contratos com vencimento em janeiro de 2018 recuaram de 8,715% para 8,675%. As taxas de janeiro de 2019 tiveram queda de 8,650% para 8,600%.
No campo econômico, o dado de atividade econômica do banco central surpreendeu negativamente, ao recuar 0,51% em maio. A expectativa de analistas ouvidos pela Bloomberg era de avanço de 0,20%.
"Apesar de estarmos num patamar bom, nos recuperando das máximas desde a delação dos irmãos Batista, ainda estamos num cenário bastante difícil. A incerteza política acaba comprometendo a economia", avalia Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos.
A aprovação da reforma trabalhista trouxe alívio aos mercados, mas agora os investidores começam a analisar o andamento das mudanças na Previdência.
"Deve haver agora uma mini reforma previdenciária. A reforma em si deve ficar para o próximo governo e começar a ser tocada só em 2019", complementa.
O Banco Central vendeu 8.300 contratos de swaps cambiais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) que vencem em agosto. A autoridade monetária já rolou US$ 2,075 bilhões do total de US$ 6,181 bilhões que vence no mês que vem.
AÇÕES
No mercado acionário, as ações da Petrobras acompanharam a alta de mais de 1% dos preços do petróleo no exterior e subiram. Os papéis mais negociados da estatal subiram 1,40%, para R$ 13,05. As ações com direito a voto se valorizaram 0,52%, para R$ 13,62.
As ações da mineradora Vale subiram, apesar da queda de 0,26% dos preços do minério de ferro. As ações mais negociadas da Vale avançaram 1,39%, para R$ 27,80. As ordinárias tiveram valorização de 1,17%, para R$ 29,52.
No setor financeiro, as ações do Itaú Unibanco subiram 0,21%. As ações preferenciais do Bradesco avançaram 0,10%, e as ordinárias tiveram ganho de 1,18%. As ações do Banco do Brasil se valorizaram 1,07%. Na contramão, as units -conjunto de ações- do Santander Brasil caíram 0,67%.
A maior desvalorização do Ibovespa veio das ações da Eletrobras. Os papéis mais negociados caíram 5,11%, e os ordinários recuaram 4,64%. As ações devolveram parte dos ganhos registrados na semana passada, após a divulgação de um plano do governo de reforma do setor elétrico brasileiro, que melhora as condições para a venda de ativos da estatal. Com informações da Folhapress.