Há quase 20 anos não havia acordo multilateral
O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, afirmou nesta quinta-feira, 19, que as negociação em Bali, fechadas no início deste mês, eram "críticas" e não foram fáceis, uma vez que não se concluía um acordo multilateral "há quase 20 anos". "Chegamos perto várias vezes, mas sempre falhamos no minuto final", disse Azevêdo.
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Economia OMC
Ele lembrou que estimativas apontam que os ganhos com o acordo, de facilitação das regras de comércio dos 160 membros da OMC, são expressivas. "Vocês viram algumas estimativas que elevam os ganhos a várias centenas de milhões de dólares por ano, alguns falam trilhão de dólares ao ano", disse o diretor-geral.
Azevêdo explicou que o acordo vai ser implementado ao longo do tempo. "Estamos negociando em Genebra quando o acordo vai entrar em vigor e como vai ser o processo de protocolização e sua implementação", concluiu.
O diretor geral da OMC se reuniu nesta tarde com o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson de Andrade, para discutir o impacto do acordo de facilitação de comércio fechado pela organização na Indonésia.
Roberto Azevêdo avalia que a onda de acordos bilaterais pode terminar por ajudar as negociações multilaterais. Com a mostra de que os 160 países da OMC são capazes de chegar a acordos, as normas bilaterais podem servir de base para as futuras negociações multilaterais.
"O interesse de negociar a abertura de mercados mais aprofundados ou disciplinas novas normalmente começa em acordos bilaterais ou regionais. Só depois essas práticas, se exitosas, começam a ser incorporadas nas negociações multilaterais", afirmou Azevedo. "0O sistema multilateral não é um desbravador de fronteiras comerciais. Isso é feito nos acordos bilaterais, regionais."
Comércio mundial
O diretor-geral da OMC disse que a projeção da entidade é que o comércio internacional tenha um crescimento na ordem de 4,5% no ano que vem. Azevêdo pontuou, no entanto, que esse índice ainda é considerado "anêmico" comparado com o histórico anterior à crise financeira de 2008, quando estava na casa dos 6%. "Este ano deve bater em 2,5%, talvez, e o ano que vem a nossa expectativa é de 4,5%", pontuou.