Analistas: BC aproxima-se do fim do ciclo de flexibilização dos juros
Ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC ajustou a taxa básica de juros para 8,25% ao ano
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Economia Avaliação
Com o corte dentro do previsto da Selic ontem em mais 1 ponto porcentual, o Banco Central do Brasil se aproxima do fim do ciclo de flexibilização da sua política monetária, conforme avaliação feita por analistas em Londres. Ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC ajustou a taxa básica de juros para 8,25% ao ano e a previsão na city londrina agora é de redução da intensidade de cortes.
"A decisão de ontem à noite confirmou nossa visão de que o fim do ciclo de flexibilização não está longe", escreveu em relatório a clientes divulgado nesta manhã o economista para América Latina da Capital Economics, Adam Collins. Segundo ele, a autoridade monetária promoverá mais uma redução, de 0,75 ponto porcentual na taxa, para 7,50% ao ano, na reunião de outubro. "O panorama geral é que o ciclo de flexibilização agressivo do Copom está agora chegando ao fim."
Collins destacou que a decisão do Copom de ontem era "amplamente esperada" por causa do contínuo mergulho da inflação e a melhora dos mercados financeiros locais desde a reunião anterior do comitê. Ele enfatizou que o comunicado que acompanha a publicação da nova taxa sugeriu uma redução no ritmo de flexibilização, embora tenha observado que a evolução da inflação continua a ser favorável.
Para o analista, esta sinalização não reflete uma mudança importante nas perspectivas econômicas, já que vinha sendo considerada, depois de o BC ter cortado a taxa de juros a "passos grandes". Ele lembra que, se sua projeção for confirmada, a Selic ficará muito próxima do recorde de baixa que atingiu no fim de 2012 (7,25% ao ano). Além disso, comentou que o processo de desaceleração da inflação deve estar chegando ao fim e que os dados de atividade começam a melhorar no País.
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É possível, no entanto, segundo o economista da Capital Economics, que o juro brasileiro continue a ser cortado no ano que vem mais "uma ou duas vezes". "Ainda não há sinais de que a crise política, que entrou em erupção em maio, tenha algum impacto na recuperação econômica e há menos justificativas para continuar com um ritmo tão rápido de flexibilização", justificou.
Na Pantheon Macroeconomics, também com escritório na city londrina, o economista-sênior internacional, Andres Abadia, salientou a decisão de acordo com o consenso do mercado e o comunicado que apontou para uma recuperação gradual da economia em meio a um cenário global favorável. Ele também enfatizou a percepção do BC sobre a inflação, além das expectativas, também contidas, para o índice de preços oficial. Destacou, no entanto, o risco para as projeções para a inflação no caso de as reformas estruturais propostas pelo governo não serem implementadas.
Abadia lembrou em relatório para clientes divulgado na manhã desta quinta-feira que este foi o quarto corte consecutivo de 1 ponto porcentual promovido pelo Copom e citou o trecho em que o comunicado fala de "uma redução moderada do ritmo de flexibilização monetária" como "apropriada". Ele também projeta uma diminuição na intensidade dos cortes, para 0,75 ponto porcentual em 25 de outubro.
Ao contrário do seu colega, porém, ainda enxerga um espaço para uma redução adicional em dezembro, de 0,50 pp, o que levaria a Selic a 7,00% ao ano. "Isso provavelmente será o fim do ciclo de flexibilização, mas a estabilidade na frente política e os progressos nas reformas, em particular a da Previdência Social, estão reduzindo o equilíbrio de riscos para uma maior flexibilização", pontuou. Com informações do Estadão Conteúdo.