Retomada da influência de executivo no grupo Odebrecht deve ser difícil
Não apenas porque a sua pena o proíbe de exercer influência nas decisões internas, mas porque muitas foram as mudanças durante a sua ausência
© Rodolfo Buhrer/Reuters
Economia Resgate
Não será fácil para Marcelo Odebrecht retomar o poder de influência no grupo. Não apenas porque a sua pena o proíbe de exercer influência nas decisões internas, mas porque muitas foram as mudanças durante a sua ausência.
O processo de decisão é outro. Desde a sua prisão e a confissão organizada dos executivos, um dos projetos que mais tomaram tempo e dedicação interna na Odebrecht foi a criação de mecanismos que submetam a organização a escrutínio permanente. É muito mais complicado manipular informações.
Pesa também o fato de Marcelo não ter mais amigos lá dentro com o mesmo poder de antes. Os delatores que ainda trabalham no grupo ficaram estigmatizados. Estão isoladas e são vigiados por monitores externos.
A situação financeira, do grupo também é vista como um limitador. Uma fonte ligada à empresa conta que a interpretação interna é que a fase mais crítica passou, mas ainda é delicada. Se Marcelo encampasse uma disputa entre acionistas para ampliar seu poder de influência no conselho poderia prejudicar a recuperação -e pior, atrapalhar o desfecho do acordo de leniência, que vai bem e pode ser concluído em janeiro.
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O grupo começou a respirar após a venda de alguns negócios. A Odebrecht TransPort, por exemplo, assinou com a chinesa HNA contrato de venda de suas ações na concessionária RioGaleão, que administra o Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio. O fundo canadense Brookfield, em conjunto com outros investidores, ficou com os 70% que pertenciam ao grupo na Odebrecht Ambiental, da área de concessões de saneamento.
No entanto, a construtora, o coração do grupo, ainda está bem "machucada", para usar um termo de pessoas próximas a empresa. Tem dificuldade para recompor a carteira de obras, não apenas porque a crise econômica minguou a oferte de projetos, mas porque o seu envolvimento na Lava Jato foi mais profundo que o de outras empreiteiras e ela encontra imensa resistência dos bancos para conseguir a liberação de novos financiamentos.
Existe um entendimento que a entrada de um sócio pode aliviar as desconfianças e a empresa busca um parceiro. Porém, ainda que feche a leniência com a CGU e consiga um novo sócio, até restabelecer uma carteira de obras e um fluxo de caixa que pareça convincente para os bancos, vai levar tempo. Recuperaria o fluxo de caixa apenas em 2019, na visão de um executivo que deixou o grupo.
Existem também controvérsias em relação ao futuro da petroquímica Braskem, o bem mais precioso do grupo. Suas ações foram dadas em garantia à renegociação de dívidas com os bancos e eles ainda podem ser duros. Com informações da Folhapress.