A Oi está pronta para qualquer comprador, diz presidente
Maior empresa de telefonia do país pediu recuperação judicial em junho de 2016, com uma dívida de R$ 64,5 bilhões
© Reuters / Sergio Moraes
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O presidente da Oi, Eurico Teles, afirmou nesta quarta (20) que, após a aprovação do plano de recuperação judicial, a companhia "está pronta para qualquer um que queira comprar ela".
A empresa tem recebido manifestação de interesses de possíveis compradores, incluindo chineses, mas até agora não houve propostas formais, disse o executivo.
"É uma companhia que tem abrangência, que tem capilaridade como poucas", disse ele, em entrevista após a assembleia de credores que aprovou o plano de recuperação.
Maior empresa de telefonia do país, a Oi pediu recuperação judicial em junho de 2016, com uma dívida de R$ 64,5 bilhões.
O plano aprovado na madrugada desta quarta reduz a dívida financeira para R$ 23,9 bilhões e garante um aporte de R$ 4 bilhões, em troca de participação acionária para os maiores credores.
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Teve grande apoio dos detentores de títulos internacionais, mas desagradou acionistas minoritários, incluindo a holding Pharol e o empresário Nelson Tanure, os maiores deles, pela diluição de suas fatias.
Tanure chegou a tentar barrar a assembleia na Justiça, mas foi derrotado em primeira e segunda instância.
O plano também foi rejeitado pela AGU (Advocacia Geral da União) e pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), por propor o parcelamento de dívidas públicas, o que é proibido.
Teles disse que não espera reviravoltas judiciais após a aprovação, diante da expressiva votação a favor do plano. "É unanimidade que o plano é bom", argumentou.
O plano prevê a instalação de um conselho de administração de transição, que terá três representantes dos credores, dois da Pharol e dois do fundo Société Mondiale, ligado à Tanure, além de três conselheiros independentes.
Teles permanecerá no cargo por um ano, até que a operação seja concluída e diz acreditar que a operação de capitalização da companhia seja realizada antes desse prazo.
A assembleia que discutiu o plano - a quinta versão desde que a empresa entrou em recuperação judicial - reuniu cerca de 600 pessoas e durou quase 15 horas.
As discussões começaram por volta das 11h40 de terça (19) e foram suspensas quatro vezes para que bancos e detentores de títulos discutissem reservadamente ajustes na proposta.
Na votação, que se iniciou já na madrugada de quarta, trabalhadores, fornecedores e pequenas empresas votaram em peso pelo plano.
Entre os detentores de dívidas financeiras, 99,56% dos presentes, representando 72,17% do valor devido, também votaram favoravelmente.
Após recuo da Anatel, novo texto foi elaborado jogando para daqui a 20 anos o pagamento de dívidas ainda não julgadas com a agência, no valor de R$ 6,1 bilhões -outros R$ 8,3 bilhões serão pagos em 240 meses.
"O litígio continua", disse Teles, referindo-se a possível disputa judicial a respeito da primeira parcela.A primeira versão discutida nesta terça previa parcelar em 240 vezes o pagamento de R$ 11 bilhões, após carência de quatro anos. Com informações da Folhapress.