Consumidor leva mais presentes neste Natal, mas se queixa de crise
Em São Paulo, comércio de rua permaneceu movimentado durante todo o dia neste sábado (23)
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Economia Comércio
O último dia antes da véspera de Natal teve lojas lotadas e muitas sacolas nas mãos dos consumidores. Foi um alento para os comerciantes assustados com os dois últimos anos de vendas enfraquecidas.
Mas o trauma da crise ainda foi assunto recorrente na fala dos paulistanos que visitaram o comércio neste sábado (23).
A loja da rede Marisa na avenida Paulista, que durante a semana chegou a colocar caixas extra em operação para evitar filas, já abriu as portas com movimento logo nas primeiras horas do expediente neste sábado.
Apesar da sacola cheia, a estudante de pedagogia Francisca Gardene Adriano, 27, ponderava que está cautelosa neste ano porque acabou de conseguir um novo emprego. "Estou gastando menos neste ano porque comecei agora nesse emprego e preciso ver como as coisas vão ficar", afirma ela.
Claudia Sandra de Moraes, 36, doméstica, disse que ia levar uma "roupinha básica" e que, neste ano, só vai presentear a mãe. Preço foi um dos requisitos na escolha. Ela foi às compras em uma loja multimarcas da avenida Brigadeiro Luís Antônio cujos produtos não ultrapassam os R$ 35.
O comércio popular está "a todo vapor", segundo Marcos Augusto Vieira, encarregado da loja Armarinhos Fernando, na região da rua 25 de Março. "Deu uma melhora de 5% a 7% neste Natal. Neste sábado, a loja fecha às 19h, mas, se tiver movimento, vamos até as 21h", afirma.
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Cálculos da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers) estimam um aumento de 5% nas contratações temporárias e um impulso de aproximadamente 7% nas vendas de Natal.
As principais categorias responsáveis por alavancar as vendas serão vestuário, eletroeletrônico e calçados, segundo a entidade. "A retomada da confiança do consumidor no segundo semestre deu fôlego ao varejo. Seguimos otimistas para o fim de ano", diz o presidente da Abrasce, Glauco Humai.
Alencar Burti, presidente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), tem estimativas mais modestas, de crescimento entre 3% e 5% nas vendas do varejo da capital paulista em relação a dezembro do ano passado.
Burti pondera que "este Natal não vai recuperar as perdas decorrentes da recessão, mas é o melhor dezembro dos últimos anos".
Na primeira quinzena do mês, as vendas a prazo (6,5%) tiveram melhor desempenho que as vendas à vista (2,8%), sinal de que os eletroeletrônicos devem se destacar, segundo a ACSP.