Em Davos, olhos estarão voltados ao protecionista Trump
Presidente testará primeiro ano de mandato no fórum dos liberais
© Carlos Barria / Reuters
Economia Fórum
A partir desta terça-feira (23), a pequenina cidade de Davos, no leste da Suíça, receberá algumas das pessoas mais poderosas - e ricas - do planeta para, sob as temperaturas glaciares dos Alpes, discutir maneiras de manter a economia mundial aquecida.
Os temas na agenda do 48º Fórum Econômico Mundial de Davos são muitos: das moedas virtuais às denúncias de assédio sexual no setor produtivo, passando pela epidemia de notícias falsas e a chamada "Quarta Revolução Industrial". Mas as atenções devem se voltar para um personagem, Donald Trump.
Após um ano inteiro golpeando acordos multilaterais, como o presidente protecionista da maior economia do planeta se comportará no fórum dos liberais? A presença do republicano na Suíça, uma potencial catalisadora de protestos de grupos de esquerda, chegou a ser ameaçada pela paralisação do governo norte-americano, mas a iminente aprovação de um orçamento provisório pelo Senado deve liberar o magnata para se juntar a seus pares.
"Acredito que sua presença represente mais a participação protocolar dos Estados Unidos na discussão do que propriamente seus pensamentos e ideais", explica Jefferson Nery do Prado, professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.
Segundo ele, os EUA são, historicamente, um país habituado a ignorar tratados globais, tradição mantida por Trump, que rompeu com o Acordo de Associação Transpacífico (TTP) e o Acordo de Paris sobre o Clima, ambos costurados pelo democrata Barack Obama. "Sendo um presidente que prega a construção de muros e protecionismo, me parece que sua presença será meramente diplomática", acrescenta Prado.
Um dos momentos mais aguardados do fórum é um possível embate ideológico entre Trump e os principais líderes da União Europeia, o francês Emmanuel Macron e a alemã Angela Merkel, que devem se pronunciar em defesa da globalização e do multilateralismo.
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Para o professor do Mackenzie, é provável que, apesar de sua retórica protecionista, Trump mostre entender a importância de um mercado aberto, "principalmente em prol dos EUA".
Brasil
Às voltas com uma economia em recuperação, mas ainda cambaleante, o presidente Michel Temer também marcará presença em Davos e deve bater na tecla da queda da inflação e da retomada do crescimento.
"Como carecemos de investimento de longo prazo, principalmente em infraestrutura, apresentar um cenário econômico favorável, mesmo com a instabilidade política que tem ocorrido, pode ser um bom sinal para mitigar a desconfiança do investidor no Brasil", diz Prado.
A frase "O Brasil voltou" deve ser o mote da participação de Temer no fórum, como já adiantou o ministro da Secretaria-Geral da Previdência da República, Moreira Franco. O mandatário embarca para a Suíça às 22h desta segunda. Com informações da Ansa.