Aliados asiáticos dos EUA pedem calma em meio a tensão com China
Ontem (22), Trump ameaçou impor tarifas a US$ 60 bilhões em importações da China e, a partir de hoje, entram em vigor tarifas de Washington contra o aço e alumínio, de 25% e 10%, respectivamente
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Economia Guerra
Aliados dos EUA na região da Ásia e Pacífico pediram calma nesta sexta-feira (23), após a última iniciativa tarifária do presidente Donald Trump, e disseram querer evitar uma guerra comercial - até mesmo o Japão, que terá de pagar tarifas para exportar aço aos EUA das quais outros países foram isentos.
Ontem, Trump ameaçou impor tarifas a US$ 60 bilhões em importações da China e, a partir de hoje, entram em vigor tarifas de Washington contra o aço e alumínio, de 25% e 10%, respectivamente. O Japão é o principal aliado afetado pela tarifa sobre metais, uma vez que União Europeia, Coreia do Sul, Austrália, Brasil, México, Canadá e Argentina obtiveram isenção temporária da medida.
A iniciativa de Trump levou Pequim a anunciar possíveis medidas retaliatórias contra US$ 3 bilhões em produtos americanos e levou as bolsas asiáticas a registrar fortes perdas no pregão de hoje. Em Tóquio, o índice Nikkei sofreu um tombo de 4,5%, enquanto o iene, que é muito procurado em momentos de incerteza, atingiu o maior nível ante o dólar desde o fim de 2016 durante os negócios da madrugada. Na China, o Xangai Composto cai 3,4%, registrando sua maior queda em seis semanas.
O ministro do Comércio do Japão, Hiroshige Seko, que havia apelado várias vezes a autoridades dos EUA para que Tóquio também ficasse isento das tarifas sobre aço e alumínio, afirmou estar decepcionado.
"Essa medida é extremamente lamentável", disse o ministro. Seko, porém, acredita que não haverá "danos reais" para siderúrgicas japonesas, uma vez que clientes dos EUA podem solicitar isenções individuais para produtos japoneses.
"Se reagirmos aos passos dos EUA com retaliação, isso poderia levar a um colapso do sistema de livre comércio. É muito importante que o Japão mantenha a calma e busque uma resolução centrada na OMC", declarou Seko, se referindo à Organização Mundial de Comércio.
Já o primeiro-ministro da Austrália, Malcolm Turnbull, disse esperar que EUA e China consigam negociar um acerto "que sirva para os dois lados".
"Donald Trump disse que isso é o início de uma negociação" e "o que importa é que ninguém vence numa guerra comercial, não há dúvida disso", afirmou Turnbull.
Na Coreia do Sul, autoridades disseram que negociam com os EUA para garantir que a paz prevaleça no longo prazo. Washington e Seul estão no meio de conversas mais amplas sobre o acordo bilateral de livre comércio de 2012.
Segundo um assessor presidencial em Seul, o ministro do Comércio sul-coreano, Kim Hyun-chong, que visita Washington, está engajado em discussões "intensas" com os EUA e fará o "melhor possível até o último instante". Kim disse à agência semioficial Yonhap que espera garantir isenção permanente das tarifas sobre aço e alumínio. Fonte: Dow Jones Newswires.