Apesar de escândalo, faturamento do Facebook avança 50% no 1º trimestre
O mercado previa números pouco abaixo dessa faixa, com analistas projetando um faturamento de US$ 11,4 bilhões
© Stephen Lam/Reuters
Economia Superação
Nem mesmo a mais grave crise de imagem do Facebook abalou o crescimento da maior rede social do mundo. Superando todas as expectativas, a firma de Mark Zuckerberg registrou um aumento no faturamento de quase 50%, para US$ 11,97 bilhões (cerca de R$ 41,66 bilhões), no primeiro trimestre deste ano. O mercado previa números pouco abaixo dessa faixa, com analistas projetando um faturamento de US$ 11,4 bilhões.
O lucro líquido, por sua vez, subiu 63%, para quase US$ 5 bilhões, ante US$ $3,06 bilhões no mesmo período do ano passado.O resultado teve impacto positivo no mercado. As ações da empresa subiam 4,3% no "after hours", período de negociação que ocorre após o fechamento do pregão tradicional.
Mesmo com esse avanço de dois dígitos, o Facebook acumula perda de 9,5% do valor de seus papéis em Wall Street neste ano, um tombo causado pelo vazamento de dados de 87 milhões de usuários para uma consultoria política que manipulou a última eleição presidencial nos Estados Unidos a favor de Donald Trump.
Desafios maiores ainda, no entanto, podem estar no horizonte, já que o escândalo da Cambridge Analytica estourou tarde no último trimestre e o impacto total ainda não foi absorvido pelos investidores. Esse caso, segundo analistas como Lloyd Walmsley, do Deutsche Bank, também marca uma mudança de paradigma na avaliação de empresas, já que indicadores tradicionais perdem peso diante de reações menos previsíveis do mercado às notícias envolvendo o setor de tecnologia.
O temor de agentes do mercado é que a pior crise a abalar essa rede social pode levar a uma debandada de seus usuários, que hoje somam mais de 2 bilhões no mundo todo, e à desidratação de seu faturamento publicitário, com anunciantes mais reticentes em associar a sua marca a uma empresa cada vez mais tóxica. Nesse sentido, Brian Wieser, consultor da Pivotal Research, prevê uma "erosão contínua" do número de clientes da plataforma ao longo do ano, refletindo a "confiança reduzida" no modelo negócios da firma.
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No auge do escândalo de vazamento de dados, alguns anunciantes de peso, entre eles Mozilla e Commerzbank, abandonaram o Facebook, mas esse movimento ainda é tímido segundo os analistas. Daniel Ives, da consultoria GBH, prevê como "pior cenário" uma perda de até US$ 2 bilhões, quase R$ 7 bilhões, em faturamento com publicidade até o fim do ano, lembrando que este é o momento de Zuckerberg e executivos acalmarem usuários e anunciantes.
Turbulência à parte, o Facebook registrou um leve aumento no número de usuários ativos, de 1,4 bilhão para 1,45 bilhão, embora o tempo que passam navegando pela plataforma esteja em queda. Esse resultado é o único que bate com a previsão do mercado. Outro fator de preocupação é a entrada em vigor no mercado europeu no mês que vem de novas - e mais duras - regras sobre privacidade e segurança de dados. Essas medidas, aliás, já estão no radar de legisladores em Washington, que podem implementar um regime semelhante de regras também em solo americano.
No anúncio do balanço do Twitter, por exemplo, um de seus principais executivos, Ned Segal, comentou as mudanças nos regulamentos europeus, mas disse que ainda é cedo demais para prever o impacto delas para os negócios. Brent Thill, da consultoria Jefferies, não tem dúvida, aliás, que empresas como Google e Facebook serão os primeiros e principais alvos das novas regras de proteção de dados na Europa e terão de arcar de cara com o grosso do impacto de todas as medidas.
Um dos chefes de tecnologia do Facebook, Mike Schropefer, por exemplo, já tem uma audiência marcada em Londres nesta semana para responder questões sobre segurança e privacidade na rede. O fechamento do cerco contra o "big tech" também despertou entre analistas a preocupação com um aumento dos custos operacionais do setor, o que pode solapar o faturamento no futuro próximo - no Facebook, a expectativa é de um aumento de 50% dos gastos até o final deste ano.
Mesmo com nuvens no horizonte, há fatores que alimentam as esperanças de acionistas do Facebook. O Instagram, que pertence ao grupo de Zuckerberg, é visto como joia preciosa por parte dos analistas, que só veem crescimento e um aumento dos anunciantes no futuro da plataforma de compartilhamento de fotografias. Com informações da Folhapress.