Com queda da Petrobras, Bolsa tem em maio pior baixa em quase 4 anos
O mercado acionário foi castigado em maio pelo fortalecimento global do dólar
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Economia Mercado financeiro
Apesar das leves altas nos dois últimos dias, a Bolsa emendou quatro baixas seguidas em dois momentos no mês e fechou maio com queda de quase 11%, a maior variação negativa desde setembro de 2014 (-11,7%).
O mercado acionário foi castigado em maio pelo fortalecimento global do dólar, o que aumenta a aversão ao risco de mercados emergentes, além do contexto nacional de manutenção da Selic (a taxa básica de juros) e, no fim do mês, de impactos por uma paralisação de caminhoneiros que derrubou a Bolsa e a Petrobras. O dólar em maio, passando do patamar de R$ 3,50 para o de R$ 3,70.
Nesta terça (30), o Ibovespa, índice que reúne as ações com maior liquidez, subiu 0,89%, para 76.753,61 pontos. O volume financeiro foi expressivo, de R$ 21,6 bilhões. Na quinta (24), um dia após a Petrobras anunciar que cortaria o preço do diesel em 10% por 15 dias, o Ibovespa perdeu o patamar dos 80 mil pontos conquistado em 16 de janeiro.
A Petrobras teve uma sessão volátil nesta quarta, com a paralisação dos caminhoneiros se dispersando, mas ainda pressionada por incertezas relacionadas à política de preços da estatal, apesar de tanto o governo quanto a direção da empresa garantirem sua preservação. Os papéis preferenciais recuaram 1,66%, para R$ 18,98. No mês, despencou 17,37%. As ações ordinárias caíram 0,22% nesta terça, a R$ 22,19.
A DRE (Diretoria de Regulação de Emissores) da B3, dona da Bolsa, enviou ofício à Petrobras solicitando esclarecimentos sobre a efetividade da adoção de medidas de governança em meio às mudanças em sua política de preços nos últimos dias. A Petrobras reforça que a decisão foi empresarial e "buscando preservar o melhor interesse da Petrobras, seus acionistas e demais públicos de interesse."
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Além disso, de pano de fundo, a paralisação de 72 horas dos petroleiros que começou nesta quarta afeta, segundo sindicatos, 25 plataformas da companhia, e um membro do conselho de administração da estatal renunciou, alegando motivos pessoais. Filipe Villegas, analista de ações da Genial Investimentos, diz que maio foi um mês de reavaliações para os investidores, "porque muitos eventos não estavam no radar."
Ele observa que um risco que andava relativamente fora do radar do mercado foi resgatado: as incertezas sobre as eleições de outubro. "O risco da eleição foi trazido a valor presente. O governo demorou para tomar uma atitude em relação aos caminhoneiros, levando o mercado a precificar que talvez as chances de um candidato reformista ser eleito tenham ficado menores", afirma.
O dólar ficou praticamente estável nesta terça. A moeda comercial recuou 0,08%, para R$ 3,737, enquanto a à vista caiu 0,15%, para R$ 3,731. Em maio, subiu 7,08%, no quarto mês seguido de valorização ante o real e apesar da atuação mais forte do Banco Central no mercado de câmbio.
"A volatilidade deve continuar elevada no exterior e, aqui, a especulação eleitoral deve ficar ainda mais forte", avaliou o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado, para quem, desta forma, o BC acertou ao anunciar que continuará atuando no mercado de câmbio.
No começo da semana, a autoridade monetária antecipou que estenderia seus leilões de swap tradicional -equivalente à venda futura de dólares- para junho, oferecendo papéis para a rolagem dos contratos com vencimento em julho, que somam US$ 8,762 bilhões, e também contratos adicionais para dar liquidez ao mercado. Com informações da Folhapress.