Dólar sobe 8,5% em agosto na maior alta mensal desde setembro de 2015
O avanço em 2018 foi de 10,13%, contra o último recorde de 7,45% em 2015
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Economia Levantamento
Uma expressão tem sido recorrente entre profissionais do mercado financeiro para definir agosto: foi o mês do cachorro louco. Levantamento de Einar Rivero, da empresa de informações financeiras Economatica, mostra que o dólar médio de mercado calculado pelo Banco Central - o chamado dólar Ptax- registrou a maior valorização sobre o real para um agosto desde o Plano Real (1994). O avanço em 2018 foi de 10,13%, contra o último recorde de 7,45% em 2015.
Já o dólar comercial fechou esta sexta-feira (31) acumulando o maior salto mensal em três anos, num mês marcado por incertezas políticas no Brasil e adversidades generalizadas para países emergentes.
Apesar da trégua neste pregão ao recuar 1,73%, para R$ 4,073, a moeda acumula alta de 8,5% no mês, a maior desde os 9,2% registrados em setembro de 2015. No ano, sobe 23%. "O dólar sair de R$ 3,70 e chegar a R$ 4,20 em um mês, num movimento de 50 centavos é muito forte", diz Carlos Pedroso, economista sênior do Banco MUFG Brasil.
Entre as 31 principais divisas do mundo, o real apresentou a quarta maior desvalorização ante o dólar, perdendo apenas para Argentina (-27,2%), Turquia (-25,5%) e África do Sul (-10,9%), emergentes com fundamentos econômicos como déficit em conta-corrente e reservas internacionais mais frágeis que o Brasil.
No início do mês, uma tensão política e comercial entre Washington e Ancara envolvendo a detenção de um pastor americano na Turquia derrubou a lira turca e arrastou consigo os mercados emergentes.
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Quando o cenário internacional começava a dar algum alívio lá fora, uma bateria de pesquisas de intenção de voto em uma única semana mostraram Geraldo Alckmin (PSDB), candidato preferido do mercado, ainda sem tração e investidores passaram a precificar ainda a possibilidade de um nome do PT chegar ao segundo turno. O estresse empurrou o dólar a R$ 4 pela primeira vez em mais de dois anos.
"Isso fez o real ter uma performance pior do que a moeda de seus pares", diz Pedroso. Analistas apontam que o alívio temporário desta sexta é reflexo de um movimento de correção, após mais instabilidades em um emergente, desta vez a Argentina, levar o dólar a R$ 4,21 na véspera e forçar a atuação do BC.
"O movimento ontem foi exagerado, então há um rescaldo. A intervenção do Banco Central sinalizada ainda para o mercado que a autoridade vai atuar se for necessário", diz Pedroso.
Além disso, dizem, o movimento de queda ganhou força após a formação da Ptax (taxa calculada pelo BC e que serve de referência para diversos contratos). Quem ganha com a alta da moeda vinha operando para segurar a taxa em um nível elevado, mas aliviou a pressão após o seu fechamento.
Investidores estão atentos também à sessão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que analisa agora o pedido do registro da candidatura do ex-presidente Lula. A expectativa é que ele seja enquadrado na Lei da Ficha Limpa e não possa disputar a eleição de outubro.
O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas da Bolsa brasileira, subiu 0,35% nesta sexta, a 76.677,53 pontos, impulsionado pelos papéis de bancos e da Petrobras. Em agosto, acumula baixa de 3,19%, mas no ano ainda sustenta leve alta de 0,36%. Com informações da Folhapress.