Dólar oscila em patamar de R$ 4,16 por cautela com emergentes e eleição
Moeda também ganhava força em meio a temores de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, possa intensificar a guerra comercial com a China
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Economia Bolsa
O dólar oscila ante o real nesta quarta-feira (5), em mais um dia de cautela de investidores com países emergentes somada a expectativas sobre o cenário eleitoral brasileiro.
O dólar comercial abriu em alta a R$ 4,18, chegando a atingir R$ 4,186. Na mínima, no entanto, caiu para R$ 4,151. Às 13h (horário de Brasília), avançava 0,14%, cotado a R$ 4,161.
Das 24 divisas emergentes, 13 se desvalorizavam em relação à moeda americana.
"Após Argentina, Turquia e África do Sul, agora a Indonésia também entra no radar do mercado", escreveu o estrategista de multimercados da gestora Icatu Vanguarda, Dan Kawa. "Tudo isso é apenas sintoma do mesmo problema, ou seja, a redução global de liquidez."
A rúpia caiu para o seu nível mais fraco desde a crise financeira asiática de 1998, fechando em 14.930 por dólar nesta sessão. As ações caíram a mínimas em quase dois anos e os preços dos títulos também recuaram.
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É o rand sul-africano, no entanto, que lidera as perdas (-1,27%). A África do Sul entrou em recessão no segundo trimestre pela primeira vez desde 2009, após a agência de estatísticas do país informar que a economia contraiu 0,7% no segundo trimestre.
O dólar também ganhava força em meio a temores de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, possa intensificar a guerra comercial com a China ao impor tarifas sobre mais importações chinesas.
"Amanhã termina o prazo da consulta pública que Donald Trump colocou para ver se vai ampliar as tarifas chinesas, o que pode gerar um impacto adicional de US$ 200 bilhões sobre os chineses", observou a Guide Investimentos em relatório.
Os principais mercados acionários da Europa operam em forte baixa. Em Frankfurt, o índice DAX cai 1,39%, enquanto em Londres a baixa do FTSE 100 é de 1%.
Em Wall Street o viés também é negativo. O Dow Jones, principal de Nova York, oscila muito e agora ronda a estabilidade. O S&P 500 recua 0,54%, e o índice de tecnologia Nasdaq, 1,22%.
Apesar da maior aversão a risco no exterior, a Bolsa brasileira conseguiu se estabilizar em alta. O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas, avançava 0,61%, a 75.168,63 pontos.
O movimento é impulsionado pela disparada da Suzano (+7,48%), após a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) rejeitar pedidos para interromper o prazo de convocação de um assembleia de acionistas da Fibria para avaliar, entre outras propostas, fusão entre as companhias.
Internamente, o cenário eleitoral segue no radar dos investidores.
De acordo com a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, integrantes da cúpula do PT afirmam que a conversa de Lula com seu vice Fernando Haddad na carceragem da Polícia Federal, na segunda (3), foi conclusiva, e o partido deve anunciar a troca oficial de candidato em Curitiba, onde Lula está preso, na próxima terça-feira (11).
O ex-presidente teve sua candidatura barrada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na madrugada do último sábado (1º) com base na Lei da Ficha Limpa.
Na decisão, a Justiça deu até o dia 11 para o PT escolher um substituto para a cabeça de chapa.
Com a mudança no cenário, a divulgação de pesquisas eleitorais previstas para esses dias foram postergadas.
O Ibope fez uma consulta ao TSE após realizar uma "adequação" que retirou da pesquisa o cenário com Lula. E o Datafolha, que divulgaria levantamento nos próximos dias, resolveu suspendê-lo e fazer outro para publicar na próxima segunda-feira.
A equipe da corretora Mirae avaliou em nota a clientes que a não divulgação das pesquisas são fator de preocupação.
O temor do mercado é sobre a capacidade de Lula, que vinha liderando as pesquisas de intenção de voto, transferir votos para Haddad. Com informações da Folhapress.