Dólar avança e Bolsa cai após dois dias de euforia com pesquisas
A moeda americana passou boa parte do pregão acima dos R$ 3,90
© Reuters
Economia Dinheiro
Depois de dois dias de euforia com o avanço de Jair Bolsonaro (PSL) nas pesquisas e um cenário negativo para emergentes no exterior, o dólar voltou a subir ante o real e a Bolsa brasileira fechou em queda.
A moeda americana passou boa parte do pregão acima dos R$ 3,90, mas fechou abaixo desse patamar, a R$ 3,8970.
O Ibovespa recuou 0,38%, a 82.952 pontos, com o desempenho negativo amenizado por ações de empresas estatais.
+ Fake News: Empresas negam que farão demissões caso 'esquerda' vença
A Petrobras registrou mais um dia de valorização, assim como Banco do Brasil e Eletrobras.
A reportagem apurou que essas empresas foram impulsionadas pelo boato de que a pesquisa Datafolha, que será divulgada nesta noite, teria vazado e mostraria crescimento da vantagem de Bolsonaro.
"O que puxou o Ibovespa foram as ações de estatais", diz Roberto Indech, da Rico Corretora. Por isso, ele acredita que o mercado tenha negociado durante a tarde com base no boato. Ele diz, no entanto, que ficou sabendo do rumor pela imprensa.
"Como o mercado está muito nervoso, qualquer notícia desse tipo captura a atenção do investidor", acrescenta André Perfeito, da Spinelli.
Por dois pregões consecutivos, o mercado doméstico foi impulsionado por dados de pesquisas eleitorais que mostraram o avanço de Bolsonaro, que havia estagnado nas pesquisas, ao mesmo tempo em que a rejeição de Fernando Haddad (PT), segundo colocado, disparou.
Entre os dois candidatos, o mercado financeiro tem preferido o capitão da reserva, por considerá-lo mais inclinado a propor reformas de viés liberal.
Há, ainda, a oposição do mercado financeiro a um novo governo petista.
"Um segundo turno entre a extrema direita e esquerda vai balançar os mercados, com a baixa probabilidade de que formas pró-mercado sejam implementadas. Ainda que o mercado tenha reagido positivamente à liderança de Bolsonaro, isso é mais um reflexo de um alívio que Haddad esteja perdendo tração", escreveu a consultoria IHS em relatório.
A empresa acrescentou ainda que Bolsonaro precisa definir um programa econômico claro e demonstrou preocupação com o nacionalismo do candidato, que poderia elevar o protecionismo comercial do país.
No exterior, o dia foi majoritariamente negativo para mercados de risco, reflexo da alta nos juros americanos. As taxas de juros de 10 anos (tresuries) eram negociadas a 3,1851% ao ano nesta quinta, no maior nível desde 2011. Com informações da Folhapress.