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Aumento de tarifa da usina Angra 3 é positivo para Eletrobras

Consideração foi dada pela agência de risco Moody's

Aumento de tarifa da usina Angra 3 é positivo para Eletrobras
Notícias ao Minuto Brasil

11:11 - 15/10/18 por Folhapress

Economia Agência

O aumento da tarifa da usina nuclear de Angra 3, anunciado na semana passada pelo governo, foi considerado positivo para o crédito da Eletrobras, segundo a agência de risco Moody's.

A ideia é retomadas as obras, que estão paralisadas. Alvo da Operação Lava Jato, o projeto precisa de cerca de R$ 15,5 bilhões em investimentos.

"Essa ação eleva o crédito da Eletrobras porque vai elevar o fluxo de geração de caixa a partir dessa nova usina nuclear, além de dar um incentivo maior à Eletrobras para completar a construção", diz o relatório da agência.

"A tarifa mais alta também tem potencial de criar uma solução de longo prazo para os passivos de Angra 3. A Eletronuclear tem negociado com credores como o BNDES, a Caixa Econômica Federal, para adiar o cronograma original de pagamentos das amortizações da dívida, já que a geração de caixa foi adiada", afirma ainda a Moody's.

Em junho de 2018, o projeto acumulava cerca de R$ 5,3 bilhões de empréstimos bancários pendentes, dos quais R$ 3,6 bilhões são garantidos pela Eletrobras e R$ 1,7 bilhão pelo governo federal brasileiro.

A ideia é incluir a usina no programa de concessões do governo federal e buscar parceiros para concluir a obra.

A Eletronuclear, estatal responsável pelo setor, já assinou parcerias com empresas da China, da França e da Rússia para estudar o projeto.

A tarifa será ampliada para R$ 480 por MWh (megawatt-hora), o dobro do previsto originalmente. O governo espera, porém, que o valor possa ser reduzido em uma licitação para definir o parceiro.

Em nota, o MME (Ministério de Minas e Energia) defendeu que a usina vai reduzir a necessidade de térmicas com maior custo. A nova previsão é que o projeto comece a gerar energia em 2026, 11 anos depois do previsto quando os contratos foram assinados, em 2009.

As obras de Angra 3 foram paralisadas em 2015 após divergências entre os consórcios responsáveis pela construção e a Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras responsável pela operação do parque nuclear brasileiro.

Na época, as empresas já eram investigadas pela Operação Lava Jato, que levou à prisão em 2016 o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva, condenado a 43 anos por corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e associação criminosa.

"A decisão do conselho [pela retomada com tarifa mais cara] levou em conta a necessidade de o Brasil implementar uma matriz energética cada vez mais limpa, robusta e com preços justos", disse o MME, em nota distribuída nesta quinta.

Quando os contratos foram assinados, o custo estimado era de R$ 13,7 bilhões, em valores corrigidos pela inflação. Até o fim de 2017, a Eletrobras já havia provisionado perdas de R$ 12 bilhões com o projeto.

Angra 3 tem capacidade de 1.405 MW (megawatts). É terceira do primeiro programa nuclear brasileiro, iniciado na década de 1970 -as outras duas estão em operação. Com informações da Folhapress.

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