Dólar fecha acima de R$ 3,70 e Bolsa cai 2%
A Bolsa recuou mais de 2%, enquanto o dólar subiu de 1% e voltou a ser fechar acima de R$ 3,70
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Economia Moeda
Depois de dias concentrado no noticiário eleitoral, o mercado doméstico acompanhou o desempenho negativo do exterior nesta quinta-feira (18).
A Bolsa recuou mais de 2%, enquanto o dólar subiu de 1% e voltou a ser fechar acima de R$ 3,70, movimento que foi acelerado no final do pregão com notícias locais.
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A moeda americana subiu 1,16%, a R$ 3,7250. A alta se acentuou no final do dia, quando a agência de notícias Bloomberg noticiou que Ilan Goldfajn pretende sair da presidência do Banco Central ao fim do governo Temer.
A notícia agravou o dia que já vinha negativo para emergentes: de uma cesta de 24 divisas, o dólar ganhou sobre 22.
Já a Bolsa brasileira perdeu 2,23%, a 83.847 pontos, pressionada pelas baixas nos papéis de estatais, Vale e do setor bancário. Aqui também houve impacto da notícia dos planos de Ilan.
A chapa de Jair Bolsonaro (PSL), preferida pelo mercado financeiro, vinha ventilando planos de manter o economista à frente do BC, sinalizando compromisso com independência da instituição.
Seria mais um aceno ao mercado de que o capitão reformado do Exército, líder das pesquisas de intenção de voto, está comprometido com uma agenda econômica liberal.
Nesta quinta-feira, o noticiário eleitoral foi pautado pela reportagem publicada pela Folha de S.Paulo sobre empresários que estariam bancando campanha anti-PT pelo WhatsApp.
A medida beneficiaria Bolsonaro, líder nas pesquisas, em detrimento de Fernando Haddad (PT). A prática é ilegal, pois se trata de doação de campanha por empresas, vedada pela legislação eleitoral, e não declarada.
No entanto, o mercado financeiro minimizou o impacto da reportagem sobre o cenário eleitoral a poucos dias do segundo turno.
"Essa notícia está repercutindo no meio político e nas redes sociais, mas em termos de mercado, mas não sei se está fazendo preço. Para que tudo isso se torne preço, vai ter que se apresentar provas, entrar pedido de impugnação [da chapa de Bolsonaro]", diz Alexandre Espírito Santo, da Órama Investimentos.
O PDT, do candidato Ciro Gomes (preterido pelos eleitores no primeiro turno), e o PT disseram que pediriam a impugnação da chapa de Bolsonaro ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Também no campo de notícias eleitorais, analistas avaliaram os efeitos da divulgação da pesquisa Datafolha, que seria divulgada durante o Jornal Nacional.
Bolsonaro tem aparecido com ampla vantagem sobre Haddad na preferência dos eleitores, o que para o mercado financeiro diminuiu as chances de um resultado diferente da vitória do deputado.
De forma geral, o dia foi negativo para os principais mercados de risco mundiais, com quedas expressivas nas bolsas chinesas, americanas e europeias. E foi a isso que analistas locais atribuíram o desempenho negativo local.
No exterior, investidores continuaram repercutindo a ata do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), que apontou decisão unânime de elevar os juros em setembro. O mercado agora projeta se ocorrerão altas além das atualmente previstas.
Pesam ainda os riscos de agravamento de disputas comerciais conduzidas pelos Estados Unidos, a dificuldade do Reino Unido conduzir o Brexit e a crise orçamentária da Itália. O noticiário está na pauta de investidores há semanas.
"Estamos vivendo um momento de repensar o que vem acontecendo lá fora", diz Espírito Santo.
"É claro que o tópico principal é eleitoral. Mas alguns dias em que sobe muito ou cai muito, não tem como passar 100% imune [ao exterior]", diz Roberto Indech, da Rico Corretora. Com informações da Folhapress.
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