Bolsas mundiais terminam semana com perdas
Nem o acordo da Opep foi suficiente para interromper a sequência de perdas
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Economia Reflexo
As principais Bolsas mundiais terminam a primeira semana de dezembro amargando perdas, pondo por água abaixo a expectativa de algum alívio nos mercados financeiros após a anunciada trégua na guerra comercial entre Estados Unidos e China.
Nem o acordo da Opep (associação dos maiores exportadores de petróleo) para reduzirá a produção de petróleo, firmado nesta sexta-feira (7), foi suficiente para interromper a sequência de perdas.
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As Bolsas americanas reagiram de forma negativa aos dados de emprego dos Estados Unidos, anunciados também nesta sexta. A geração de vagas ficou abaixo do estimado por analistas, assim como a renda, elevando preocupações com uma possível desaceleração da economia do país.
O movimento mais uma vez brusco -os principais índices do país caíram mais de 2% no pregão- causou alguma surpresa entre investidores, que chegavam a projetar uma notícia positiva para Bolsas com esse resultado.
"O resultado visto como fraco no mercado de trabalho não deveria ser ruim. Indica menos pressão para subir juros, dólar menos valorizado e mais atividade para a Bolsa", diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Fator.
"Os analistas esperam a continuidade do desempenho forte [dos dados de trabalho]. Porém um resultado aquém do esperado poderia impactar positivamente os preços dos ativos de risco, por conta da expectativa de que o Fed poderá ser mais lento no ajuste dos juros em 2019. Logo, o pior para a economia, pelo menos por agora, é positivo para os mercados", havia escrito a corretora Guide antes da abertura do mercado nesta sexta.
"São sempre os dois lados", acrescenta Lima Gonçalves sobre a predominância da corrente que projeta desaceleração da economia para fundamentar a queda das Bolsas.
"É muito de psicologia de mercado, de quem sai na frente formando essa direção", completa.
Desde outubro, os principais mercados operam em uma direção mais negativa, apontando que a guerra comercial travada entre Estados Unidos e China poderá catalisar a desaceleração da economia mundial, que deve ocorrer de qualquer forma.
A trégua firmada no final de semana entre o presidente americano, Donald Trump, e o líder chinês Xi Jinping foi considerada insuficiente dada a continuidade da disputa entre os países, marcada pela prisão da executiva da Huawei, Meng Wanzhou, no Canadá. Ela poderá ser extraditada para os Estados Unidos.
Em relatório divulgado nesta semana, o banco UBS apontou que uma recessão econômica parece improvável considerados os atuais patamares de consumo, investimentos e com o nível de emprego na economia global. O banco projeta expansão da economia global em 2018 em 3,8%, percentual que recuaria para 3,6% em 2019.
Nos Estados Unidos, um dos momentos de pânico da semana esteve na projeção de uma inversão da curva de juros. Quando as taxas de juro mais longas, de dez anos, se aproximam da remuneração de curto prazo, de dois anos, o mercado vê aproximação de recessão econômica. Na prática, isso ocorre porque o mercado projeta menor crescimento econômico no futuro.
É também o temor de desaceleração econômica que derrubou os preços do petróleo em quase 30% desde o pico atingido no começo de outubro. A demanda menor pela matéria-prima elevaria o estoque, com impacto sobre os preços. Nesta sexta, a Opep decidiu reduzir a produção a partir de janeiro.
Neste cenário de aversão a risco, a Bolsa brasileira tem resistido aos tropeços do exterior. O Ibovespa, principal índice acionário do país, recuou 0,82% e fechou a 88.115 pontos. O giro financeiro foi de R$ 13,8 bilhões. Na semana, a perda é de 1,55%, bem mais contida que a registrada nas Bolsas americanas.
Analistas consideram que, por aqui, o mercado ainda dá o benefício da dúvida ao governo em formação enquanto aguarda o anúncio das reformas consideradas necessárias para a recuperação da economia.
O dólar, porém, avança ante o real. Nesta sexta, a moeda americana fechou em alta de 0,41%, a R$ 3,8910. Na máxima durante o dia, a divisa voltou a superar os R$ 3,90, mas acabou cedendo.
"Junte uma época de saída de recursos (do país), juros baixos, situação de desconforto no exterior e tem vários motivos para um dólar mais forte", explicou o operador de câmbio da corretora Spinelli José Carlos Amado.
No final do ano, empresas multinacionais com operação no Brasil costumam enviar lucros a suas matrizes no exterior, o que tradicionalmente faz o dólar subir.
De uma cesta de 24 divisas emergentes, o real foi a que mais perdeu valor para o dólar, sendo que 17 delas se valorizaram. Com informações da Folhapress.