Guedes: 'É preciso resolver Previdência atual antes da capitalização'
Futuro ministro não deu detalhes de como será o processo de reforma
© Sergio Moraes/Reuters
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O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta segunda (17) que o modelo previdenciário atual é "geneticamente condenado", mas precisa ser resolvido antes que o governo parta para a discussão de um modelo de capitalização no futuro.
"Tem esse avião antigo que é essa Previdência que já quase quebrou antes da população envelhecer. Eu defendi abertamente que o primeiro passo seria tentar colocar esse avião para voar de novo, pelo menos três ou quatro mandatos, antes de descer novamente", afirmou, em palestra para empresários no Rio.
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Ele não deu detalhes de como será o processo de reforma, dizendo que o governo de transição ainda está "fazendo o dever de casa" à espera da posse do novo Congresso, em fevereiro. Mas reforçou que a solução do sistema atual não garante sustentabilidade no futuro.
"Para gerar um emprego, ele destrói outro. Então eu tenho 40 milhões de carteiras assinadas e 46 milhões sem carteira assinada. Que diabo de sistema é esse que você coloca um imposto que destrói um emprego para garantir o benefício para outro trabalhador?", questionou.
Guedes defendeu que um novo modelo de capitalização significa a "libertação" de empresas e trabalhadores e pode permitir que o país cresça 4% a 5% ao ano.
"Vamos tentar acertar esse [modelo] que está aí e depois a gente aprofunda na libertação das gerações posteriores, democratiza o ato de poupança, liberta as empresas dos encargos trabalhistas, vai ser um choque de geração de emprego", afirmou.
A reforma da Previdência é uma das prioridades do novo governo, ao lado de privatizações e reforma do Estado, afirmou o futuro ministro. "Precisamos corrigir a hipertrofia do governo federal", comentou ele, após criticar a centralização dos recursos e de atribuições na União, em detrimento de estados e municípios.
Para isso, ele pediu ajuda de empresários e políticos - na plateia estavam o governador eleito do Rio, Wilson Witzel, e o prefeito da capital, Marcelo Crivella. "Esse dinheiro tem que desce [para estados e municípios] mas para descer tem que ter ajuda", disse.
CESSÃO ONEROSA
Guedes usou como exemplo as votações para aprovar o megaleilão de petróleo do pré-sal, paradas no Congresso. O governo Bolsonaro chegou a propor a distribuição dos recursos com estados e municípios em troca de aprovação da proposta, mas não conseguiu acordo com a área econômica do governo Temer.
A proposta será colocada na mesa novamente após a posse de Bolsonaro, também com a distribuição dos recursos com outros entes federativos. O leilão envolve reservas já descobertas pela Petrobras e tem potencial de arrecadar até R$ 100 bilhões, segundo cálculos do governo.
A negociação com bancadas específicas ao invés de acordos com partidos vem sendo a estratégia principal do presidente eleito para compor seu governo e será testada nas relações com o Congresso. Com informações da Folhapress.