Recibos de ações da Vale caem 8% após rompimento de barragem em MG
Cotação foi registrada na Bolsa de Nova York; a do Brasil não operou nesta sexta, por causa do feriado na cidade de São Paulo
© Paulo Whitaker/Reuters
Economia Mercado
Os recibos de ações (ADRs) da mineradora Vale caíram na Bolsa de Nova York nesta sexta-feira (25), reflexo do rompimento de barragem da companhia em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Os papéis da empresa fecharam em baixa de 8,08%, cotados a US$ 13,66. No pior momento do dia, chegaram a cair mais de 12%.
As Bolsas americanas terminaram a sessão em alta, enquanto a brasileira ficou fechada por causa do aniversário da cidade de São Paulo.
É comum que, após um feriado, a diferença de preço das ações entre Estados Unidos e Brasil se ajuste, o que indica que as ações da Vale negociadas na B3 têm tendência de queda na segunda-feira (28).
Em nota, André Perfeito, economista da Necton, destacou que a companhia tem peso de 11,39% no Ibovespa, o principal índice do país.
"Muito provavelmente veremos aumento de volatilidade, que está bastante baixa nos últimos dias", afirmou.
Na quinta-feira (24), as ações da Vale encerraram o pregão em leve alta, cotadas a R$ 56,15. O Ibovespa fechou em patamar recorde, acima dos 97 mil pontos.
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A máxima recente da companhia foi de R$ 62,20, em setembro. Desde então, a empresa foi afetada pelo receio de desaceleração da economia global, turbinado pela guerra comercial travada entre Estados Unidos e China. A disputa poderia reduzir a demanda pelos produtos da Vale.
O complexo da Vale onde está a barragem que se rompeu responde por 7% da produção de minério de ferro da companhia. Os dados estão no relatório de produção do terceiro trimestre, informação mais recente divulgada.
Os números de produção do último trimestre de 2018 devem ser divulgados em 4 de fevereiro, e os resultados financeiros, no dia 13.
O minério de ferro é o principal produto da Vale, com 104,95 milhões de toneladas produzidas no terceiro trimestre do ano passado, recorde da empresa após crescimento de 10% em um ano.
O complexo Paraopeba, onde está a barragem da Mina do Feijão, produziu 7,3 milhões de toneladas entre julho e setembro de 2018.
No terceiro trimestre, a companhia registrou lucro líquido de R$ 6,5 bilhões e gerou receita de R$ 37,9 bilhões.
O Ebitda (lucro antes de impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 17,4 bilhões –a operação de minério respondeu por R$ 15,7 bilhões.
Além de minério de ferro, a Vale produz pelotas de ferro, minério de manganês, carvão, níquel, cobre, cobalto e ouro.
Quando houve o rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG), em novembro de 2015, os papéis da mineradora recuaram por quatro pregões consecutivos e acumularam baixa de quase 10%.
À época, o recibo de ação era negociado ao redor de US$ 4, enquanto a ação ordinária valia R$ 17. A Vale é uma das acionistas da Samarco.
Desde então, a Vale passou por uma reestruturação societária que trocou ações sem direito a voto por papéis ordinários, processo que resultou na migração da empresa para o Novo Mercado da B3.
Para o pequeno investidor, a recomendação é cautela. Se o acionista da empresa acredita que a Vale irá se recuperar no longo prazo, o ideal é manter a ação para evitar prejuízo.
Mas, se houver comprado a ação a um preço mais baixo e mesmo com a possível queda no começo da semana ainda mantiver ganho expressivo, esse investidor pode decidir vender o papel e realizar lucro.
A estratégia é válida principalmente se o investidor decidir, após o episódio, que não quer ser acionista da empresa no longo prazo. Com informações da Folhapress.