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Sem reforma, país mergulhará em recessão no 2º semestre de 2020

Ministério da Economia divulgou estudo nesta sexta-feira

Sem reforma, país mergulhará em recessão no 2º semestre de 2020
Notícias ao Minuto Brasil

05:14 - 23/02/19 por Folhapress

Economia diz governo

MARIANA CARNEIRO - BRASÍLIA , DF (FOLHAPRESS) - Projeções feitas pela SPE (Secretaria de Política Econômica), do Ministério da Economia, indicam que o país pode mergulhar em nova recessão, na segunda metade do ano que vem, caso não seja aprovada a reforma da Previdência.

No estudo, divulgado nesta sexta-feira (22), os técnicos apontam para os riscos de o país entrar em uma nova espiral de deterioração das contas públicas, o que resultaria no aumento da taxa de juros e, por consequência, no derretimento do crescimento econômico.

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"No cenário sem reforma da previdência, o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] em 2019 seria inferior a 1% e o Brasil já entraria em recessão a partir do segundo semestre de 2020, caminhando para perdas comparáveis às ocorridas no período 2014 a 2016", afirma a nota da SPE, referindo-se ao período em que a economia encolheu cerca de 7%.

Em números, neste ano, a economia cresceria 0,8%, número bastante inferior à previsão atual dos analistas, de 2,5%. No ano que vem, ficaria em 0,3%, já embicando para o terreno negativo, onde permaneceria até 2023. Ou seja, três anos no vermelho.

Já com a reforma, diz a nota, a economia poderia crescer 2,9% neste ano e no ano que vem, acelerando para 3,3% em 2023.

A queda do PIB deixa todos os brasileiros mais pobres. Como aconteceu na recessão de 2014-2016, a riqueza per capita encolheria.

A SPE calculou que, na ausência da reforma da Previdência, cada brasileiro receberia, em média R$ 2,5 mil a menos por ano até 2023.

As projeções se baseiam no diagnóstico de que o descontrole das contas públicas é a raiz da crise econômica.

A proposta de reforma da Previdência apresentada nesta semana busca economizar cerca de R$ 1,1 trilhão nas despesas do governo com aposentadorias e pensões na próxima década.

Sem a aprovação, o governo gastará mais e ficará mais endividado. Segundo a nota, isso se refletirá em taxas de juros mais altas, que os investidores cobrarão para emprestar ao governo.

Juros elevados, por sua vez, amarram o crescimento econômico, podam o consumo e os investimentos.

A nota da SPE aponta o risco de a taxa básica de juros (Selic) escalar dos atuais 6,5% ao ano para 18,5% ao ano em um cenário sem reforma.

Do outro lado, caso as mudanças no sistema de previdência sejam aprovadas a Selic poderia até cair para algo em torno de 5,6% ao ano em 2023.

Com o retorno do crescimento mais acelerado, seria possível gerar 1,33 milhões de empregos por ano, calcula a SPE.

Dessa forma, seriam gerados ate 2023 quase 8 milhões de vagas a mais em comparação ao cenário sem realização da reforma.

No cenário negativo, a taxa de desemprego poderia escalar dos atuais 12,3% para 15,1%.

Segundo o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, o estudo mostra que o cenário negativo de 2015-2016 pode voltar a acontecer, caso se opte por deixar a Previdência como está.

"O objetivo é tentar mostrar à sociedade os custos de não aprovar a reforma da Previdência", disse.

Em sua avaliação, a reforma é justa porque gera crescimento econômico e empregos.

"Quando o desemprego cresce, ele atinge de forma mais rápida as camadas mais pobres da população. Por isso, ao recuperar o crescimento, ela é favorável aos pobres".

O secretário reconheceu, contudo, que mesmo no cenário com reforma, o crescimento é baixo (3,3% em 2023) em relação ao potencial de expansão da economia após a recessão.

Economistas como Marcos Lisboa e Delfim Netto já opinaram que as mudanças na Previdência são relevantes mas não bastam para acelerar o crescimento.

A atividade lenta neste início de ano já fez alguns analistas reduzirem suas projeções de crescimento.

"É algo que está preocupando todos nós, a economia deveria estar crescendo mais do que está. E o primeiro passo para que isso aconteça, a condição necessária, é a reforma da Previdência", disse.

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