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Prisões de Temer aprofunda queda na Bolsa e pressiona dólar

A Bolsa também reagiu negativamente à proposta do governo para a reforma na aposentadoria dos militares

Prisões de Temer aprofunda queda na Bolsa e pressiona dólar
Notícias ao Minuto Brasil

19:15 - 21/03/19 por Folhapress

Economia Reação

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dia foi tenso para a Bolsa brasileira. O mercado, que abriu azedo com a proposta de reforma na aposentadoria dos militares apresentada pelo governo e pela queda da aprovação do presidente Jair Bolsonaro (PSL), desandou com a prisão do ex-presidente Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco, por volta de 11h desta quinta-feira (21).

Na avaliação dos analistas, as prisões tendem a repercutir negativamente num ambiente político já fragilizado, dificultando o andamento da reforma da Previdência. Ficaria mais complicado para o governo de Jair Bolsonaro (PSL) aceitar a chamada velha política, representada por Temer e Moreira Franco.

Ibovespa, índice das ações mais negociadas, abriu em queda de 0,19%. Entre 11h13 e 11h18, quando foram noticiadas as prisões, passou de 97.372,06 pontos para 96.762,88.

No pior momento, a Bolsa recuou mais de 2%, mas recuperou parte das perdas. Encerrou o dia em baixa de 1,34%, a 96.729 pontos. O giro financeiro foi de quase R$ 17,951 bilhões.

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A queda destoou, por exemplo, das bolsas americanas, que avançaram em torno de 1%.

O dólar, que rondava a estabilidade pela manhã, chegou a subir para R$ 3,838. Encerrou com valorização de 0,90%, a R$ 3,8010.

O CDS (credit default swap, termômetro de risco-país), subiu de 161 pontos para 163.

Paulo Gama, analista político da XP Investimentos, diz que as prisões desta quinta não ajudam na expectativa de que o governo adote um tom menos de campanha e mais pragmático em relação ao Congresso e aos políticos em busca da aprovação da reforma da Previdência.

"O que o Congresso esperava para ter esse avanço era que o governo conseguisse se descolar do discurso de campanha crítico à política tradicional e caminhasse para uma prática mais pragmática. Quando é preso um dos símbolos dessa política tradicional, fica mais custoso para o presidente Jair Bolsonaro fazer esse movimento", afirma.

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O fato de o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, ter laços de parentesco com Moreira Franco, que também foi preso, entra na cota do que "não ajuda", segundo Gama. Maia é casado com a enteada de Moreira Franco. No convívio social, eles são vistos como genro e sogro.

"Tudo o que desviar o foco do Congresso, turvar o ambiente de discussão, tumular o ambiente e deixar o clima mais acirrado não ajuda na votação de uma reforma que já não é fácil de passar", diz.

Na avaliação do economista-chefe da Necton, André Perfeito, a prisão de Temer aumenta também as tensões entre a classe política e as forças da Lava Jato e do judiciário, que já era grande.

Na véspera, Maia fez duras críticas ao ministro da Justiça, Sergio Moro, e a seu pacote de medidas anticrime. O economista cita ainda a criação da CPI Lava Toga, para investigar integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal) e de tribunais superiores.

"Tudo isso em conjunto evidencia que teremos maior incerteza política num momento que o presidente não está com sua capacidade de articulação plena", diz Perfeito. Pesquisa Ibope revelou que a aprovação do governo de Bolsonaro caiu 15 pontos desde a posse.

"A prisão de Temer foi um aviso em dois, como se diz no jargão de mercado. Outros nomes de peso devem ser presos ou pressionados em breve ao que tudo indica."

A Bolsa também reagiu negativamente à proposta do governo para a reforma na aposentadoria dos militares, apresentada na véspera.

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"Uma das avaliações feitas é de que a economia de R$ 10 bilhões em 10 anos é muito pequena em relação à da PEC da Nova Previdência (R$ 1 trilhão). Outra é a sinalização negativa do comprometimento do governo devido às concessões estabelecidas para o grupo", disse a XP em relatório.

"O mercado viu como negativo o plano para os militares, uma vez que ele trouxe uma série de benesses para uma categoria do serviço público [...] O governo tem se apoiado na estratégia de comunicação de que a previdência gera e perpetua desigualdades esdrúxulas no país, e que por isso a mesma precisa ser reformada. Porém, com esse projeto para os militares, o governo instalou um gigantesco telhado de vidro em cima da sua principal linha retórica", escreveu a Guide.

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