Após viagem a Israel, governo tenta minimizar desgaste com árabes
Ataques por parte do governo à China também já trouxeram preocupação ao setor
© Alan Santos/PR (Foto de arquivo)
Economia Bolsonaro
Após mal-estar com a comunidade árabe, o governo tenta reduzir os danos e evitar que as recentes polêmicas atrapalhem os negócios com esses países, principalmente no setor do agronegócio.
Na noite desta quinta-feira, 4, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Brasil deve potencializar negócios com os países árabes na próxima semana. "Nós queremos ampliar negócios com o mundo todo, assim como Estados Unidos, estivemos no Chile, Israel, com a comunidade árabe também. Temos viagem marcada para a China no corrente ano, se deus quiser", disse durante transmissão ao vivo no Facebook.
Ao lado de Bolsonaro, o ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) deixou claro que o Brasil vai continuar a manter relações com a comunidade árabe.
"Está dentro da orientação do presidente, em termo de política externa, procurarmos países que podem trazer benefícios para o Brasil, sem entrar em características do país políticas-ideológicas. Isso não é levado em conta em política externa. Lógico que temos restrições a algumas aberrações, mas normalmente vamos continuar a manter relações comerciais principalmente com a comunidade árabe", disse Heleno.
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O ministro também destacou que o Brasil tem interesse em manter a balança comercial com a comunidade árabe. "Eles são nossos parceiros economicamente e isso não vai ser afetado", declarou Heleno.
Mais cedo, durante participação em comissão no Senado, o chanceler Ernesto Araújo também entrou em cena e disse que Bolsonaro pode visitar países árabes ainda no primeiro semestre deste ano.
"Estamos definindo um programa. Nos próximos dias, se tudo der certo, vamos definir um programa de visitas do presidente aos países árabes sim. Tentaremos fazer no primeiro semestre. Países que sejam nossos principais parceiros, para começar. Depois, iremos a outros. Vamos definir isso brevemente. Grandes parceiros comerciais e que sejam polos importantes de comércio", disse o ministro.
Bolsonaro teve uma reunião na tarde desta quinta-feira com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, responsável pelas iniciativas para tentar ampliar os negócios com a comunidade árabe. O encontro entre Bolsonaro e Cristina ocorreu após manifestações de descontentamento de ruralistas em relação à diplomacia do governo.
A reclamação é sobre tuíte feito pelo senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), que publicou uma resposta ao grupo islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza. "Quero que vocês se explodam!", tuitou o senador na terça-feira. Diante da repercussão negativa, Flavio excluiu a publicação.
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A reação inflamada do senador teve origem nas críticas do grupo Hamas, considerado terrorista por Estados Unidos e Israel, ao presidente Bolsonaro, que visitou o Muro das Lamentações em Jerusalém, local considerado sagrado pelo judaísmo.
Ruralistas também temem que os acenos de Bolsonaro a Israel prejudiquem as relações comerciais do Brasil com os países árabes, que são alguns dos principais importadores da produção de proteína animal brasileira.
No último domingo, Bolsonaro anunciou a abertura de um escritório de negócios do Brasil em Jerusalém. A cidade é considerada sagrada por cristãos, judeus e muçulmanos e não é reconhecida internacionalmente como capital israelense. O anúncio seria um meio-termo diante da promessa de campanha do presidente de transferir a embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.
Ataques por parte do governo à China também já trouxeram preocupação ao setor. Os asiáticos são os principais compradores de soja, o principal produto exportado pelo setor agropecuário do Brasil. Com informações do Estadão Conteúdo.