Para Maia, não adianta população abraçar reforma, mas não propostas
Maia se referia a uma pesquisa da XP que mostra maioria da população a favor da reforma, mas contra a mudança na idade mínima para aposentadoria
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Economia Câmara
CAMPOS DO JORDÃO, SP (FOLHAPRESS) - Passada a turbulência com a articulação política do governo Jair Bolsonaro (PSL), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), vê como próximo desafio para a aprovação da reforma da Previdência a tarefa de angariar apoio popular.
"Ser a favor da reforma da Previdência e não ser a favor da idade mínima é não ser a favor da reforma da Previdência", disse durante o 18º Fórum do Lide, evento que reúne cerca de 750 empresários em Campos do Jordão (SP).
Maia se referia a uma pesquisa da XP que mostra maioria da população a favor da reforma, mas contra a mudança na idade mínima para aposentadoria.
"Não adianta a população ter um sentimento de que é importante votar a reforma da Previdência. A população tem que entender que os itens que estão dentro da reforma precisam ser aprovados", completou.
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O presidente da Câmara deu ao governo federal a responsabilidade de fazer o convencimento da população.
"O grande desafio do governo, porque ele tem essa capacidade, o Congresso não tem agência de publicidade, é o governo comunicar com a sociedade para que compreenda o que significa idade mínima, alíquota progressiva, aposentadoria especial", disse Maia.
Também comentando o papel do governo Bolsonaro na aprovação da reforma, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), comemorou a iniciativa de Bolsonaro de procurar os líderes de partidos para formar uma base no Congresso.
Questionado sobre a recusa inicial de Bolsonaro em negociar com os partidos, rechaçando o que chamou de velha política, Alcolumbre respondeu que a entrada do presidente na articulação aconteceu em momento oportuno.
"Aguardávamos ansiosos por esse momento. Aconteceu em momento oportuno, ele precisava tomar essa decisão de conversar", afirmou.
Alcolumbre disse ainda que sempre defendeu o envolvimento pessoal do presidente Bolsonaro na articulação da reforma.
"O Congresso confia na liderança do presidente para tratar de uma matéria importante. [...] Esse sinal de aproximação, de diálogo e de entendimento era o que o Parlamento aguardava do governo federal e do presidente. Da nossa parte, compreendemos que as reformas são importantes."
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Para a aprovação da Previdência, Maia também fez um chamado e uma crítica aos governadores para organizarem uma agenda que tenha a reforma como primeiro item.
"Ou vai acontecer o que aconteceu nos últimos dois anos: a gente resolve o problema de fluxo de caixa dos governadores e ninguém volta para o Parlamento para ajudar a gente a aprovar a Previdência", afirmou e foi aplaudido pelos empresários.
"Como sempre o Congresso paga a conta, porque vai todo mundo embora com seu recurso e o desgaste de quem não fez é nosso", completou.
Maia evitou dar estimativa de prazo e votos na votação da reforma da Previdência. Durante o fórum, os palestrantes do mundo político e empresarial trabalharam com a ideia de aprová-la ainda no primeiro semestre.