'Ir atrás do bicampeonato de surfe é uma motivação a mais', diz Italo Ferreira
Com a pandemia de covid-19, o circuito foi cancelado em 2020 e vai começar nesta terça-feira, no Havaí, na disputa do Billabong Pipe Masters, etapa que costumava encerrar o calendário
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Esporte Italo Ferreira
Atual campeão mundial de surfe, o brasileiro Italo Ferreira vive a expectativa de ir em busca do bicampeonato em um momento atípico do esporte. Com a pandemia de covid-19, o circuito foi cancelado em 2020 e vai começar nesta terça-feira, no Havaí, na disputa do Billabong Pipe Masters, etapa que costumava encerrar o calendário. Foi lá que o atleta do Rio Grande do Norte levantou o seu troféu após vencer Gabriel Medina na final do evento.
Aos 26 anos, Italo é o surfista a ser batido no campeonato. Vive ótima fase e garante que o título em 2019 tirou um grande peso de suas costas. Ao lado de outros 10 brasileiros, incluindo Medina, bicampeão mundial, Adriano de Souza, campeão em 2015 e que fará sua última temporada no circuito, e Filipe Toledo, que bateu na trave na última edição, o atleta potiguar vai em busca de mais um troféu para o Brasil em uma competição que terá formato diferente, com final em Trestles (Califórnia) a partir de 8 de setembro de 2021 com os cinco mais bem colocados do ano, e com a presença da modalidade pela primeira vez nos Jogos Olímpicos entre as etapas do calendário. Italo e Medina são os representantes brasileiros em Tóquio.
Qual é a sensação de voltar às competições como o surfista a ser batido?
Inexplicável. Sempre sonhei em ser campeão mundial, estar neste posto hoje me enche de orgulho pelo caminho batalhado que consegui construir até aqui. Sou muito grato por tudo.
Como está a expectativa para o início da temporada?
Estou ansioso. É algo novo começar pelo Havaí, que já é um desafio enorme, encarando ondas que são difíceis de surfar. Mas eu tenho uma história boa por aqui e memórias que vão me deixar mais confiante. Isso faz com que me sinta bem, me faz treinar mais e focar para alcançar a melhor performance no campeonato no início da temporada.
Como você lidou com a pandemia de covid-19? Conseguiu treinar o tempo todo?
Consegui montar uma academia em casa e passei a treinar mais a parte de musculatura. Isso tem me ajudado no fortalecimento. Além disso, em Baía Formosa, a praia não chegou a ser fechada, então pude continuar pegando ondas. Claro que as ondas são menores, então procurei viajar e melhorar meu surfe em ondas tubulares e testar novas pranchas.
O que achou da final do Circuito Mundial ser realizada em Trestles?
Já esperava que seria em Trestles, na Califórnia. Eu não acho que seja uma novidade porque a gente já surfa lá direto. Achei que fosse ser em Mentawai, Fiji, que são lugares diferentes com ondas boas, mas tudo bem, é uma onda boa.
Para além do CT, quais são seus outros projetos em andamento?
Eu estou desenvolvendo um projeto de proteção ambiental em Baía Formosa. Estamos desenvolvendo isso e a ideia é conseguir promover ações que diminuam nosso impacto na natureza, de educação ambiental, reciclagem... Precisamos nos comprometer mais com a natureza que tanto nos dá.
Por fim, quem serão seus principais adversários na temporada?
Minha mente é a minha principal adversária na competição. Nos últimos meses você mostrou que é um surfista completo ao acertar um 540º e pegar onda gigante em Nazaré.
Como tem sido "romper os limites"?
Eu curto um desafio e surfar essa onda foi incrível. Gosto de me desafiar no surfe, estudar novas manobras e arriscar coisas novas.
Muitos falam que é difícil ser campeão, mas mais difícil é ser bicampeão. Como está sua cabeça para este objetivo?
Para mim, ser campeão pela primeira vez é bem mais difícil, acho que foi um peso que saiu das minhas costas porque era um sonho ser campeão mundial, e você fica naquela pressão, naquela ansiedade. Cheguei bem perto em 2018, venci três eventos, mas o título veio só em 2019, e ganhar foi uma conquista incrível. Agora, buscar o bicampeonato me deixa mais confiante. Claro que tem pressão para que eu tenha boas performances, mas isso me motiva mais.
O fato de a temporada começar no Havaí muda algo em sua preparação?
Eu acho só um pouco estranho. O Havaí foi onde venci meu último evento e fui campeão do mundo. E começar por aqui já de primeira me deixa confiante, mas ainda me sentindo pressionado por tudo que aconteceu. Mas ficou no passado, treinei o ano inteiro para voltar a competir e terei a chance de colocar tudo em prática na bateria. Espero me sair bem como no último evento.