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Após suspensão de Rafaela Silva, duas judocas lutam para ir aos Jogos de Tóquio

As mais cotadas são Jéssica Pereira e Ketelyn Nascimento, e é nelas que a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) apostará suas fichas nos próximos eventos

Após suspensão de Rafaela Silva, duas judocas lutam para ir aos Jogos de Tóquio
Notícias ao Minuto Brasil

10:50 - 12/01/21 por Estadao Conteudo

Esporte Judo

A suspensão da judoca Rafaela Silva, campeã olímpica e mundial, por doping a tirou dos Jogos de Tóquio, mas abriu caminho para outras atletas na categoria até 57 kg. E agora duas atletas vão correr atrás dos pontos necessários para subir no ranking e tentar carimbar a vaga olímpica. As mais cotadas são Jéssica Pereira e Ketelyn Nascimento, e é nelas que a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) apostará suas fichas nos próximos eventos. "Não vamos poupar nenhum recurso nisso, inclusive levando elas para competições menores para ganharem confiança e competitividade", revela Ney Wilson, diretor de alta performance da CBJ.

Jéssica tem 26 anos e disputava a categoria abaixo, até 52 kg. Então ainda está se adaptando ao novo peso, mas já mostrou sua força ao derrotar a portuguesa Telma Monteiro, medalhista de bronze nos Jogos do Rio. Ketelyn, por sua vez, é mais nova (22 anos), mas vem de bons resultados nas equipes de base. Já chegou, inclusive, a ganhar de Rafaela em duas oportunidades, no Troféu Brasil e no Grand Slam de Brasília. Ambas terão boas oportunidades de subir no ranking, pois a Federação Internacional de Judô confirmou mais três eventos de Grand Slam no calendário internacional.

"Elas terão boas chances de subir no ranking, pois haverá o Mundial em Budapeste, o Pan em Córdoba e os Grand Slams de Tel Aviv, Paris, Tbilisi, Antalya e Tashkent. Se somar os pontos desses eventos, pode-se conseguir até 7.700 pontos", explica Ney Wilson, lembrando que as duas praticamente não têm pontos a descartar, então tudo que vier é lucro.

Ketelyn está com 1.045 pontos enquanto Jéssica tem 630. Só pode ir uma judoca por país para a Olimpíada em cada categoria. E, para isso, ela precisará estar entre as 18 mais bem colocadas no ranking olímpico. A estimativa é que com 2.200 pontos consiga a vaga, que seria importante porque a categoria até 57 kg também é usada para compor a equipe mista, nova prova do judô que fará sua estreia olímpica em Tóquio.

"Eu lamento pelo o que aconteceu com a Rafaela, mas como disse fica essa vaga aberta. Então acredito que não só tenho condições como também estou preparada para esta vaga. É algo que todo atleta almeja e treina para alcançar. Sabemos que o trajeto é árduo ainda mais para um curto período de tempo", afirmou Ketleyn.

A judoca lembra que sua estratégia nesse momento será ir para todas as competições possíveis do calendário. "Quero conhecer minhas adversárias e subir o máximo de vezes ao pódio, pois estou precisando de muitos pontos", continuou a atleta do Clube Pinheiros.

Jéssica, por sua vez, é do Instituto Reação, o mesmo de Rafaela Silva. "Tenho me preparado da melhor maneira possível para conseguir a vaga nessa categoria que sempre foi muito bem representada por ela. Tenho treinado bastante e acredito que tenho totais condições em ter bons resultados e atingir o objetivo maior que é disputar a Olimpíada", disse.

Além do treino pesado, ela tem aproveitado para estudar bastante as lutas para conhecer melhor suas adversárias. "Elas também não me conhecem pois sou nova na categoria e vejo isso como algo positivo porque posso surpreender. Além disso tenho feito muito treinamento técnico, simulação de lutas e randori. Acredito que se eu estiver no pódio em três competições já estarei bem próxima da classificação", avisou.

A chance para elas apareceu após Rafaela Silva ter sido punida porque seu exame realizado nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019, detectou a presença de um metabólito de fenoterol, remédio usado para tratar problemas respiratórios, como asma e pneumonia. Por ter efeito broncodilatador, o medicamento pode trazer benefícios na performance do atleta e por isso é uma substância proibida pela Agência Mundial Antidoping (Wada) tanto durante quanto fora de competições.

O gancho da judoca vai até novembro deste ano, então com isso ela não poderá defender o título olímpico conquistado nos Jogos do Rio, em 2016. "A gente está falando de uma campeã olímpica, qualquer equipe do mundo sentiria falta. Ela era séria candidata à medalha e ainda reforçaria a equipe como um todo. Em Tóquio será o primeiro ano da competição por equipe mista e ela seria um reforço muito grande", lembra Ney Wilson.

Ele reforça que o judô é um esporte individual, mas também coletivo, pois os atletas precisam treinar entre si. Só que a punição de Rafaela não permite que ela tenha qualquer contato com os outros atletas da seleção, muito menos treinar junto. "A perda dela é sentida por todos os atletas da equipe. Ela está fragilizada com a situação, pois é uma pessoa extremamente competitiva. O impacto inicial foi muito grande, mas já estamos trabalhando nossos atletas para superar isso. Aliás, o judô te ensina a cair e levantar", conclui Ney Wilson.

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