Danilo Fernandes condena 'bandidos disfarçados de torcedores' e clama por justiça
O goleiro baiano revelou que demorou a entender o ocorrido naquela trágica quinta-feira
© dr
Esporte Ataque
Danilo Fernandes revelou nesta quarta-feira que poderia ter até morrido no ataque à bomba ao ônibus do Bahia por torcedores no meio da semana passada. Ele sofreu um corte profundo no pescoço e um trauma no olho esquerdo, do qual será operado, além de ferimentos pelo corpo todo por causa dos estilhaços. Em recuperação, o goleiro lamentou os episódios de selvageria nos campos nacionais e pediu uma resposta rígida das autoridades contra "bandidos disfarçados de torcedores."
"Entrevista das mais difíceis da vida, principalmente falando coisas que a gente não quer falar. Gostaria de falar de coisas que acontecem dentro de campo", lamentou ter de comentar sobre a confusão. Ainda com hematomas, ele foi duro em suas palavras. "Situação chata. O futebol brasileiro pentacampeão, com tudo para ser dos mais bonitos do mundo, hoje está virando notícias policiais. No momento que o mundo vem passando por guerra, adversidades, a gente está vivendo isso dentro de um ambiente onde era para unir atletas, jogadores, torcida, tudo em um mesmo objetivo que é buscar alegrias. Meio complicado dar opinião, passa do nosso ponto de alcance. Mas esperamos as medidas tomadas pelas autoridades para mostrar que o futebol brasileiro ainda tem jeito", cobrou.
E foi além ao revelar que há insegurança nos quatro cantos do País atualmente. "Acho que hoje, no futebol brasileiro, não só no Bahia, falta segurança. A gente viu em Porto Alegre, Pernambuco, no Paraná, racismo no Engenhão, na final da Copinha... Qualquer lugar está complicado para poder jogar. E a gente só quer fazer nosso trabalho, da melhor maneira e com segurança, se possível. Está complicado no Brasil todo. A paixão está sendo totalmente confundida com agressão. São bandidos disfarçados de torcedores", disparou. "A preocupação não é só com o Danilo hoje, é com atleta do Grêmio (Villasanti) e com todos os envolvidos nessa semana muito complicada para o futebol brasileiro. Tivemos a mesma situação no Náutico, no Paraná, complicado. Tem de ter segurança em nível nacional."
O goleiro baiano revelou que demorou a entender o ocorrido naquela trágica quinta-feira por estar com fone de ouvidos e não acompanhar o que acontecia do lado de fora do ônibus da delegação. "Eu demorei para manifestar alguma coisa que tivesse acontecido dentro do ônibus, pois estava de fone e não percebi. Senti como se fosse uma porrada no rosto sem saber o que estava acontecendo e vi alguém gritando de uma bomba, quando me dei conta estava sangrando, pingando, monte de sangue no corpo. Estava aéreo e sem saber o que estava acontecendo. Ficou estranho de entender o momento."
Apenas no hospital o goleiro acabou tomando nota da gravidade do ocorrido. "Uma coisa é machucar em campo, outra ser ferido intencionalmente. Podia ter sido uma tragédia maior, pelo corte no pescoço, foi bem profundo e o médico falou que poderia ter pego uma veia. A barba ajudou a proteger, tirou o impacto, mas o corte ficou com muito vidro dentro, bem profundo. Estou bem, estou tranquilo e, graças a Deus, vivo, mas com cicatrizes para o resto da vida. Marcas Qu não gostaria."
O goleiro de 28 anos revelou que sofreu no dia do acidente para dormir, mas que o suporte da família e do clube foram essenciais para superar o trauma e não ter sequelas na parte psicológica.
"Na primeira noite, após o incidente, não conseguia dormir, não vinha sono, tive de pedir medicamento à enfermeira. Me assustei com um barulho no corredor, mas Deus é bom comigo, tenho cabeça boa e não acredito em estresse pós traumático", afirmou. "Tive um trauma próximo ao olho, mas sem ser atingido por vidros. Por causa do trauma, foi constatado um sangramento, em alguns termos técnicos que não sei falar, uma retração da retina. Estou me recuperando, mas sinto que tem fumaça, que está desfocado. Passarei por procedimento na sexta-feira e vou me recuperar totalmente."
Apesar do susto, Danilo Fernandes garante que não pensa ou pensou em deixar o clube. "Não me passou pela cabeça em momento algum (deixar o clube). Estou bem feliz aqui, eu, minha família estamos muito bem adaptados à cidade, apaixonados pelo clube e por tudo que envolve o Esporte Clube Bahia."