Programa de sócios-torcedores recupera fôlego e já apresenta números pré-pandemia
O público ficou afastado dos estádios no futebol brasileiro de março de 2020 até outubro de 2021
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Esporte Futebol
Após seis meses do retorno do público nos estádios, o programa de sócio-torcedor dos clubes se recupera e já apresenta números parecidos aos de antes da pandemia da covid-19. O público ficou afastado dos estádios no futebol brasileiro de março de 2020 até outubro de 2021, quando foi liberado com comprovantes de vacina e testes regulares.
O Corinthians, por exemplo, saiu de 18 mil sócios adimplentes em maio de 2021 (período crítico da pandemia) para 80 mil. O clube paulista, que ontem lotou a Neo Química Arena na partida contra o Boca Juniors, está na terceira colocação entre os programas de sócios-torcedores, atrás de Atlético-MG (130 mil) e Internacional (100 mil). No jogo diante do Avaí, pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro, foram mais de 24 mil (80,8% do público total) integrantes do programa Fiel Torcedor no estádio em Itaquera.
O Palmeiras alcançou mais de 65 mil sócios-torcedores neste mês de abril - eram 40 mil em novembro de 2021. Em dois jogos como mandante no Brasileirão (derrota para o Ceará e vitória sobre o Corinthians, em Barueri), o clube registrou uma média 12 mil contribuintes no Allianz Parque e na Arena Barueri, respectivamente. O programa é o caminho que os clubes encontraram para fazer uma receita que não tinha. E também se transformou no jeito mais rápido para quem quer comprar ingressos para os jogos.
O Santos registrou um crescimento de 32% (31 mil sócios-torcedores). Já o São Paulo contava com 30 mil sócios antes da pandemia (no programa antigo) e, após reformulá-lo, subiu para mais de 41 mil. Apesar disso, o número ainda não se refletiu nos estádios. O público na Vila Belmiro neste início de Brasileirão registrou apenas 28% de sócios-torcedores. No Morumbi, foi um pouco pior, vendendo 14% dos ingressos para integrantes do programa.
Para efeito de comparação, o jogo entre Coritiba e Goiás, na primeira rodada, mais de 95% do público no Estádio Couto Pereira era composto pelo programa de fidelidade do time paranaense. "A volta do público aos estádios colaborou para essa 'explosão' no número de associados. Os torcedores ficaram muito tempo longe das equipes, estavam buscando uma forma de entretenimento. Por outro lado, os clubes precisam administrar esses clientes, oferecendo benefícios e experiências exclusivas para conseguir manter uma rede de fãs contribuindo financeiramente com a agremiação", analisou Armênio Neto, especialista em negócios do esporte.
O Internacional presenteou seus associados com entradas grátis para a despedida do futebol do ídolo Andrés DAlessandro. O resultado foi satisfatório e mostrou o comprometimento da torcida com o clube: 23.906 sócios compareceram ao Beira-Rio, o que correspondeu a 65,36% do público presente.
"Temos o conhecimento de que a maior parte dos frequentadores do Beira-Rio são sócios-torcedores. Então, sempre que pudermos valorizar e fazer campanhas de diferenciação do torcedor comum, certamente faremos. O Internacional tem categorias de para todos torcedores: quem mora do lado do Beira-Rio e comparece a todo o jogo, quem mora longe, para o público de baixa renda, etc. Estamos sempre tentando adequar novas promoções para benefício de nosso sócio", afirmou Victor Grumberg, vice-presidente administrativo do Internacional.
Envolvidos de forma direta, os patrocinadores também comemoram esse movimento. Um bom exemplo é o Cartão de TODOS, que patrocina Vasco, Bahia, Corinthians, São Paulo, Sport, Atlético-MG, Paysandu e Remo. "Para nós, é muito satisfatório observar esse engajamento. O torcedor que se associa, principalmente em momentos importantes, jogos decisivos ou com algum caráter especial, está realmente disposto a se fazer presente. É um consumidor nato. A gente também sente esse efeito e estamos otimistas com o que virá pela frente ainda nesta temporada", analisou Victor Oliveira, gerente de comunicação e projetos da empresa.
ANO ESPECIAL
Para Botafogo e Fortaleza, a expectativa é de que 2022 seja o ano de um verdadeiro salto. Os motivos são os momentos históricos pelos quais os dois clubes estão passando. Enquanto os cariocas vivem o êxtase da compra da SAF pelo bilionário americano John Textor, que promete colocar o alvinegro no mais alto patamar do futebol brasileiro, os cearenses curtem pela primeira vez uma participação na Libertadores, com direito a enfrentar o River Plate ainda na primeira fase e embalados pela conquista da Copa do Nordeste.
O Botafogo já começa a sentir os efeitos desse momento. Além de uma estreia com casa cheia diante do Corinthians, logo após a vitória sobre o Ceará, na segunda rodada do Brasileirão, os cariocas atingiram a marca dos 25 mil sócios. Mesmo sem ter terminado, o mês de abril trouxe nada menos que 3 mil novos associados.
"Já estamos redesenhando a questão das camisas, do patrocínio, dos uniformes, e também a questão do Season Ticket. Além disso, a gente tem explorado a questão da exclusividade. Nós temos dado prioridade para quem é Camisa 7 poder comprar os ingressos onde nós temos mando de campo. E se provou uma estratégia extremamente acertada", afirmou Jorge Braga, CEO do Botafogo.
No Fortaleza, não bastasse a participação inédita na fase de grupos da Libertadores, a temporada ainda começou com título da Copa do Nordeste, fato que impulsionou ainda mais os números do Leão do Pici. "A gente espera um aumento de 30% com os sócios torcedores e patrocínios para esta temporada. Desde o início do ano temos tido empresas procurando o clube e muitos contatos por espaços na camisa", contou Marcelo Paz, presidente do clube.
RANKING DOS PROGRAMAS
1º - Atlético-MG 130.459 (27/04)
2º - Internacional 100.000 (02/04)
3º - Flamengo 69.563 (27/04)
4º - Palmeiras 65.147 (07/04)
5º - Cruzeiro 47.542 (26/04)
6º - Ceará 45.119 (27/04)
7º - Fortaleza 44.214 (27/04)
8º - São Paulo 41.320 (27/04)
9º - Fluminense 35.835 (27/04)
10º - Vasco 47.708 (27/04)
Obs.: Corinthians: 80 mil em dezembro de 2021 por apuração do Meu Timão; clube não divulga números